The very heart of my life: algumas considerações de análise sobre The two-character play, de Tennessee Williams. Por Maria Sílvia Betti

 

The very heart of my life: algumas considerações de análise sobre

The two-character play, de Tennessee Williams. Por Maria Sílvia Betti (1)

 

The very heart of my life: some analytic considerations about

The two-character play, by Tennessee Williams, By Maria Sílvia Betti

 

 

Resumo:

Depois de empreender uma breve visão do conjunto do percurso de criação de Tennessee Williams como dramaturgo, este artigo faz uma breve análise de The two-character play como trabalho em que Tennessee propositalmente expressa a exaustão dos padrões que o haviam notabilizado.

Palavras-chave: Dramaturgia; Periodização; Crítica; Metateatro.

 

 

Abstract:

After undertaking an overview of Tennessee Williams’ career as a playwright, this article briefly analyzes The two-character play as a work in which Williams purposely expresses the exhaustion of the standards that had made him famous.

Keywords: Dramaturgy; Periodization; Criticism; Metatheater.

 

 

The two–character play, de Tennessee Williams

 

I

            Pesquisar é investigar e inventariar, de forma ordenada e sistemática, todos os elementos da configuração concreta de um objeto em suas manifestações, relações e projeções objetivas e subjetivas. Analisar é examinar com questões, e sob a luz de critérios teóricos, metodológicos e interpretativos, tudo o que emergiu com o material pesquisado.

A pesquisa e a análise, nesta era de conteúdos midiáticos em que estamos, dependem, cada vez mais, de buscas exaustivas de referências intertextuais. Dentro desse contexto, a vasta produção dramatúrgica de Tennessee Williams é desafiadora ao extremo para os que tentam apreendê-la em sua totalidade e com a expectativa de aprofundamento. O trabalho do dramaturgo estende-se por quase cinco décadas e abrange um repertório extenso de temas, técnicas e estilos. Suas peças ganharam reconhecimento no segundo pós-guerra a partir de montagens na Broadway e de adaptações fílmicas em Hollywood. A crítica entusiasmou-se com o uso que ele fazia do lirismo, da projeção simbólica da memória, e de elementos de inspiração autobiográfica. Aspectos centralmente presentes de figuração de personagens à margem das relações de produção na sociedade capitalista estadunidense receberam sempre menor atenção. Tennessee tornou-se um nome de referência dentro da modernização do teatro e da dramaturgia nos Estados Unidos e no contexto internacional.

Quando, do início dos anos 1960 em diante, os pequenos teatros e cafés alternativos de Nova Iorque expandiram-se para além das áreas adjacentes à Broadway, estéticas dramatúrgicas e cênicas enraizadas nos movimentos contraculturais passaram a atrair outras faixas de público, e isso trouxe alterações consideráveis para o padrão antes existente de recepção dos trabalhos do autor. Diante do vigor experimental da chamada off-off-Broadway, o teatro de Tennessee passou cada vez mais a ser visto como um clássico moderno já consolidado e reverenciado dentro do establishment. Pouco mais de uma década e meia havia decorrido de sua ascensão à fama, e ele já havia passado a ser associado ao mainstream cultural e artístico do teatro e da indústria cultural de massas.

Inúmeras foram as tentativas do autor de se renovar como dramaturgo e de incorporar outros processos compositivos às suas peças. Pressionado por compromissos contratuais com editoras e estúdios e abalado pela desolação existencial e afetiva em que, por inúmeros motivos pessoais passou a se ver, Tennessee buscou ousadias dramatúrgicas e cênicas, mas estas desagradaram a crítica sem terem conseguido cativar plenamente os públicos dos novos circuitos.

Outros modernizadores estadunidenses da dramaturgia como Arthur Miller e Edward Albee também foram alvos de críticas negativas quando procuraram utilizar padrões diferentes dos empregados nas peças que os haviam celebrizado. No caso de Tennessee, porém, as manifestações de desaprovação passaram a incidir recorrentemente sobre a maioria das peças que ele escreveu a partir da segunda metade dos anos 1960 e boa parte dos anos 1970, o período de sua vida que ele próprio apelidaria de stoned age, um amargo e intraduzível trocadilho alusivo à dependência química que desenvolveu na tentativa de combater depressão, alcoolismo e ansiedade.

O prestígio internacional sem precedentes, assim como o volume crescente de traduções e adaptações em todo o mundo, passara a coexistir com os diagnósticos críticos de declínio da qualidade dos trabalhos mais recentes e com o sistemático repúdio dos expedientes dramatúrgicos e cênicos utilizados neles.

Em 1983, oito anos após o lançamento de seu livro de memórias, a morte repentina de Tennessee abriu um período de revivals de peças de vários tipos e fases de sua produção. Nos anos que se seguiram, a crítica (principalmente a acadêmica) passou a adotar uma nomenclatura de análise que dividiu a produção do autor em duas fases e estilos de peças: a inicial, de ascensão à fama, foi caracterizada como a das peças ditas canônicas, encenadas na Broadway e adaptadas para roteiros em Hollywood; a fase seguinte, do início dos anos 1960 em diante, caracterizou-se pelas peças que passaram a ser chamadas de pós-canônicas (2), associadas a diversos tipos de experimentalismo. Por terem sido escritas pouco tempo antes do falecimento do autor, essas peças passaram a ser chamadas de “tardias” (late plays). Grande parte delas era de paródias e farsas com farta utilização de recursos do teatro do absurdo, do camp, do humor sombrio (dark humor), do vigoroso e emergente teatro gay, do Nô e do grotesco, e devido à reação de choque e escândalo que causavam por parte do público e dos críticos, várias foram chamadas de “ultrajantes” (outrageous plays).

Nos anos 1980 e 1990, o imenso crescimento dos estudos acadêmicos de cultura voltados às questões de identidade e gênero (queer studies) fez com que as peças pós-canônicas de Tennessee passassem a atrair crescente interesse de pesquisadores e de encenadores. Sua dramaturgia tornou-se objeto de debates no âmbito acadêmico e nos circuitos alternativos de teatro e de performance, com ênfase para o repertório de temas e de técnicas utilizados pelo autor nas peças tardias (late plays). Cada vez mais a atenção de pesquisadores e encenadores voltaram-se às questões homoafetivas e às aproximações temáticas e intertextuais com trabalhos de artistas de destaque no campo da performatividade contracultural e da cultura gay já incorporadas às instituições e códigos socialmente aceitos.

Inevitavelmente, dentro desta linha de abordagem, parte dos pesquisadores e críticos passou a ver nas peças pós-canônicas a materialização mais contundente e plena do teor crítico anti-establishment no trabalho do dramaturgo. Ao mesmo tempo, o sucesso das peças canônicas passou a ser considerado por eles como uma decorrência do fato de serem supostamente palatáveis ao sistema comercial e empresarial da Broadway e ao pensamento dominante, e não do fato de esse sistema e esse pensamento terem conseguido se organizar ideológica e institucionalmente de forma a neutralizá-las, “metabolizá-las” e incorporá-las sem alteração ou exclusão da substância crítica que as compunha.

Um dos elementos que com mais eficiência contribuíram para que isso acontecesse foi, sem dúvida, o uso que Tennessee fez de aspectos autobiográficos dentro das tramas dramatúrgicas e dos mecanismos imagéticos, simbólicos, associativos e psicológicos das personagens. A ampla rede de associações ligadas à memória individual e familiar do autor acabou permitindo que, quer fossem canônicas, quer ultrajantes, as peças desse período final, fossem abordadas predominantemente a partir de perspectivas focadas no âmbito das particularidades identitárias, deixando, assim, de expor na análise os aspectos potencialmente críticos ao pensamento dominante nos Estados Unidos.

Elevado a uma figura pública de grande reconhecimento, Tennessee tornou-se, dessa forma, uma “persona” cuja história pessoal e familiar passou a ser tratada como chave central de compreensão de seu próprio trabalho. Com essa perspectiva devidamente legitimada, a discussão passou a convergir para o indivíduo-autor e seu contexto privado de vida e convívio, evitando que fossem abordadas outras questões presentes em seu trabalho e que diziam respeito às contradições de classe e às relações de alienação, exploração e exclusão dentro da sociedade.

Há ainda outro aspecto a ser lembrado: boa parte das peças ditas pós-canônicas de Tennessee Williams caracterizam-se pelo grande número de remissões a elementos temáticos, estilísticos e formais tomados a fontes extremamente variadas, situadas tanto no âmbito da contracultura estadunidense como no da cultura europeia clássica e moderna, da cultura japonesa, e da indústria cultural de massas. Um grande volume de peças tardias (late plays) ainda não foram (até o momento) organizadas sob a forma de uma versão editorial definitiva. Assim, a identificação e o levantamento analítico dessas remissões passaram a ganhar cada vez mais relevância para os estudos acadêmicos da dramaturgia de Tennessee, seja no que diz respeito aos aspectos do texto, seja no que se refere às possibilidades cênicas.

De modo geral, o que se conclui é que as peças dessa fase final, tardias e/ou ultrajantes, escritas por um Tennessee empenhado em desenvolver seu trabalho fora dos parâmetros do mainstream (Broadway e Hollywood), passaram a ser recorrentemente analisadas e discutidas no campo de estudos identitários e das abordagens queer, linhas hegemônicas, atualmente, dentro do mundo contemporâneo da pesquisa em artes cênicas.

Cabem a esta altura algumas perguntas incontornáveis de pesquisa: do ponto de vista de quem estuda o papel histórico da dramaturgia de Tennessee diante de seu tempo, como se colocam as peças da fase pós-canônica em relação às peças da fase de ascensão à fama e vice-versa? O trabalho de Tennessee foi inexoravelmente “partido ao meio” e dividido para sempre em duas etapas que se repudiam entre si? Se a ascensão à celebridade na primeira fase representou um processo de atrelamento de seu trabalho à máquina do establishment, até que ponto as análises identitárias e de gênero, dominantes no mundo acadêmico contemporâneo, o liberaram para uma condição diferente no que diz respeito às peças da fase final?

São perguntas que ainda não chegaram a ser colocadas, e que, portanto, não serão objeto de debate tão cedo. Por isso, repetindo o que foi dito no início, a vasta produção dramatúrgica de Tennessee Williams é desafiadora ao extremo para os que tentam apreendê-la em sua totalidade e com a expectativa de aprofundamento.

 

II

 

Uma peça escrita por Tennessee já na segunda fase de sua produção é digna de nota por se distinguir de todas as que a precederam e de todas as que se seguiram a ela. Não é uma peça ultrajante e caracteriza-se por se distinguir bastante de sua produção dita tardia: trata-se de The two-character play, escrita inicialmente em 1966 e reescrita em 1969 com o título de Out cry. Essa nova versão foi publicada em 1973, mas em 1975 Tennessee revisou o texto e retomou o título anterior, publicando o que veio a ser considerada a sua versão definitiva.

Era um hábito seu fazer alterações e revisões constantes em suas peças, mesmo que já tivessem sido publicadas, mas The two-character play parece ter sido uma das mais obsessivamente revistas e reelaboradas por ele, como se algo na escritura lhe tivesse escapado ou tivesse deixado a desejar. Foram necessários quase dez anos para que a peça chegasse a essa última versão, um tempo mais longo do que o demandado por qualquer outro de seus trabalhos. Suas próprias palavras sobre a peça mostram seu apreço especial por ela: “my most beautiful play since Streetcar, the very heart of my life” (Williams, 1979; Galton, 2021; Hampstead, 2021).

Outro dado digno de nota relacionado a The two-character play é o fato de sua versão inicial ter sido mais bem recebida pelo público e pela crítica do que a sua reelaboração. Tennessee parecia querer ostentar um afastamento deliberado do naturalismo poético ao qual sua dramaturgia havia sido identificada, e a exacerbação dessa característica pode ser observada na comparação das duas versões.

Apesar desse desejo de diferenciá-la tanto quanto possível de sua produção anterior, a peça foi considerada parcialmente autobiográfica por revisitar dois aspectos marcantes das peças da primeira fase: a figuração de questões intrafamiliares e a presença das fantasmagorias do passado projetadas por meio de fragmentos narrados de lembranças, tal como em The glass menagerie.

A grande marca distintiva de The two-character play é o uso da metateatralidade, assinalada pela própria característica do espaço descrito na rubrica inicial: tudo se passa no palco de um velho teatro localizado em alguma parte não especificada do interior dos Estados Unidos. Vários cenários parcialmente montados recriam o interior de uma velha casa de estilo vitoriano situada no Sul do país. Há pedaços de cenários de outras produções também à vista, e por uma janela pode-se ver um campo de girassóis. O centro do palco é ocupado por uma estátua gigantesca de aparência sinistra fixada sobre um pedestal. As personagens são os irmãos Felice e Clare, os dois artistas principais de uma companhia teatral cujos demais integrantes desertaram em plena noite de estreia da temporada que fariam.

Premidos pela situação angustiante em que se veem, só resta a Felice e Clare ensaiar “uma peça de dois personagens” na esperança de terem algo para apresentar ao público. Configura-se assim uma estrutura de “peça dentro da peça” em que a matéria ficcional do texto sendo ensaiado compõe-se, justamente, de fragmentos da memória do passado familiar dos dois irmãos. A situação vivida é de confinamento, abandono e perplexidade. Não há mais ninguém no teatro além deles próprios, e o texto que ensaiam faz aflorarem lembranças traumáticas do passado relacionadas à morte dos pais envolvendo suicídio e crime dos quais os irmãos foram testemunhas.

A condição psicológica de Felice e de Clare é de fragilidade extrema e o duplo fio ficcional (o da situação presente do ensaio e o do passado rememorado na encenação) vai pouco a pouco se confundindo com as sombrias lembranças familiares narradas.

À medida que decorre o tempo de apresentação da peça dentro da peça sendo ensaiada, trechos de que os dois irmãos não se lembram devidamente vão tendo que ser substituídos por falas improvisadas, e com isso vai se tornando mais e mais difícil, para o leitor e para o espectador, distinguir com clareza os personagens do texto ficcional, dos atores Felice e Clare que o apresentam no palco. A partir de um certo ponto, deixa de ser possível discernir em que medida as próprias cenas improvisadas foram em algum momento reais (ou seja, se de fato aconteceram no passado) e em que medida são projeções de medos e fantasmagorias introjetadas. Clare e Felice já nada têm de si próprios senão aquilo que puderem fazer para ensaiarem / rememorarem / improvisarem / apresentarem de seu próprio passado, agora transformado num tecido esfarrapado de lembranças incongruentes e num ato derradeiro ao qual nenhuma alternativa se apresenta.

Com isso, o confinamento vivido é duplicado: no passado, o lar da família, espaço de suicídio e de crime, é o espaço aprisionante de que os irmãos não conseguem sair; no presente, o confinamento resulta do isolamento em que se veem ensaiando sozinhos no teatro vazio à espera do empresário que não virá e de uma improvável temporada. A situação psicológica de alienação mental dos dois irmãos vai, assim, atingindo seu grau máximo. Enquanto em The glass menagerie a relação entre os irmãos Tom e Laura é evocada com delicado lirismo voltado ao passado, aqui a relação entre Felice e Clare vai ganhando contornos cada vez mais sombrios que evidenciam o estado de perturbação psíquica diante das lembranças aterradoras da vida familiar desintegrada.

The two-character play é repleta de elementos sugestivos de associações simbólicas latentes. Um pesquisador afoito e desejoso de mergulhar nela a partir das primeiras impressões poderia até mesmo correr o risco de ceder à tentação de enxergar Felice e Clare apenas como projeções autobiográficas de Tennessee e Rose Williams, e de ver a peça como uma figuração simbólica da “existência humana” ou do enclausuramento inevitável da consciência diante da impossibilidade de enfrentar ou transcender a loucura e a morte.

Essa perspectiva deixaria de considerar, porém, que em The two-character play a relação entre Felice e Clare não está configurada apenas a partir do vínculo familiar, mas também e principalmente a partir do papel que exercem dentro da companhia teatral em que são respectivamente primeiro ator/dramaturgo (Felice) e primeira atriz (Clare). Ao mesmo tempo, entre os inúmeros elementos simbólicos utilizados na peça, temos inúmeras remissões inegavelmente concretas associadas ao próprio fazer teatral e à própria dramaturgia moderna do século XX.

Felice e Clare estabelecem, desde o início da peça, uma relação repleta de tensões e discordâncias. Os pontos de divergência dizem respeito à situação imediata e concreta do espetáculo que deverão encenar: Clare deseja receber a imprensa antes da apresentação, pois considera-se hábil nessa tarefa. Felice a proíbe por constatar que ela está alcoolizada e porque em entrevistas anteriores desse tipo ela se punha a falar contra o fascismo, assunto que ele considera inconveniente. Clare deseja que Felice se ocupe das questões específicas da encenação, e Felice afirma que, se não se saírem bem nessa noite, a temporada acabará não se realizando.

A discordância degenera em uma troca violenta de insultos. Clare confessa que deseja voltar para casa, mas Felice a lembra de que a casa deles é o teatro, e que não terão outro lugar para onde ir. Em meio à altercação, Felice acaba contando a Clare que os demais membros do elenco haviam enviado um telegrama demitindo-se da companhia, e que, portanto, não seria mais possível realizar a temporada. Clare sente-se cansada e pede para ir para o quarto do hotel, ao que Felice lhe responde que eles não dispõem de nenhum quarto de hotel à disposição, e que por isso o espetáculo precisa ser encenado, já que não resta nenhuma outra perspectiva. Fox, o empresário, teria pagamentos a fazer aos dois irmãos por espetáculos anteriores, mas nada indica que virá ou que fará contato. O mecanismo situacional que engendra esses diálogos configura uma circularidade sem saída e sem solução possível, em que tudo gira em falso e parece ter raízes nos embates entre Vladimir e Estragon no Waiting for Godot (Esperando Godot) de Beckett.

No segundo ato, com a sucessão de improvisos inseridos, cresce a indistinção entre o passado ficcional na peça que ensaiam e a situação concreta do presente que vivem. Todas as materialidades desejadas se inviabilizaram: Fox (o empresário) não virá, a temporada não acontecerá, nenhum quarto de hotel os acolherá depois do espetáculo. O espaço ficcional do lar rememorado é o espaço das mortes testemunhadas e da desintegração familiar e existencial, e a peça que agora ensaiam/interpretam/improvisam atualiza o trauma no teatro, também tornado, ele próprio, espaço de confinamento. Leitor, espectador e intérpretes são tirados de qualquer possível zona de conforto. As falas de Clare e Felice basculam entre o tempo encenado e o tempo da encenação sem diferenciações de luz ou de demarcação espacial. O palco está atulhado de objetos cenográficos não relacionados à peça que os dois ensaiam. O centro da área da encenação é ocupado pela enorme estátua de semblante sombrio, um ícone cênico não referenciado por nenhuma das falas ou gestos. Não há certezas, não há percepções claras e não há encadeamento causal possível para as ações desejadas ou tentadas. The two-character play parece, nesse segundo ato, exacerbar a opacidade dos sentidos, das falas e das lembranças dos próprios personagens, que no início haviam oferecido aos leitores e espectadores o conforto efêmero do paralelo com Laura/Rose e com Tom/ Tennessee.

 

III

Diante dessas constatações perturbadoras, algumas hipóteses ocorrem: constata-se que Tennessee efetivamente desconstruiu, em The two-character play, aquilo que público e crítica haviam antes aclamado efusivamente no início de seu trabalho. Agora, porém, nada resta e não há catarse possível para a angústia figurada por Felice e Clare. Há apenas perplexidade, abandono e a dor do enclausuramento final figurado na peça.

Seria lícito, diante desse impressionante apanhado de imagens e sentidos, afirmarmos que The two-character play, escrita e reescrita obsessivamente durante quase dez anos, acabou sintetizando a visão agônica a que Tennessee teria chegado com relação a sua própria obra e ao seu próprio fazer teatral? Se lembrarmos que Clare e Felice, além de irmã e irmão são também atriz e ator/dramaturgo dentro de uma companhia de teatro, seria possível vermos a peça como trabalho que propositalmente ostenta sua própria exaustão diante dos padrões que haviam notabilizado Tennessee? Seria possível, nos fragmentos esparsos de cenários entre os quais ensaiam Felice e Clare, vermos os pedaços fraturados de uma integridade irresgatável para o próprio teatro, tornado aprisionante e aprisionado em sua própria opacidade de sentidos? Seria The two-character play uma espécie de huit clos metateatral?

Que as perguntas sejam deixadas em aberto com a expectativa de que os futuros olhares lançados à peça não esqueçam da definição que lhe foi dada pelo próprio Tennessee ao referir-se a ela como “the very heart of my life”.

 

Referências

 

 

GALTON, Bridget. Tennessee Williams’ experimental late play was 'the heart of my life'. Ham & High,14 jul. 2021. Disponível em: https://www.hamhigh.co.uk/things-to-do/21331679.tennessee-williams-experimentallate-play-the-heart-life/. Acesso em: 19 dez. 2023.

 

HAMPSTEAD THEATRE. The two-character play cast announced. 10 jun. 2021. Disponível em: https://www.hampsteadtheatre.com/news/2021/june/the-twocharacter-play-cast-announced. Acesso em: 19 dez. 2023.

 

TOLEDO, Luis Marcio Arnaut de. Nem loucas, nem reprimidas: o confronto contracultural da mulher com o mainstream nas late plays de Tennessee Williams. São Paulo: Alameda, 2022.

 

WILLIAMS, Tennessee. Tennessee Williams The two-character play (Published in an earlier version as Out Cry). New York: New Directions, 1979. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=fU4mr4_tYYoC&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q=most%20beautiful&f=false.  Acesso em: 14 out. 2023.

 

 

 

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(1) Maria Sílvia Betti é pesquisadora e docente Sênior no Programa de Estudos Linguísticos e Literários em Inglês da FFLCHUSP. Autora de Dramaturgia comparada Estados Unidos-Brasil. Três estudos. São Bernardo do Campo-SP: Cia. Fagulha, 2017. Organizadora da Coleção Oduvaldo Vianna Filho de dramaturgia (Editora Temporal). Colunista do site Infoteatro.

 

(2) A respeito das peças pós-canônicas, consultar Toledo (2022).


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NOTA: Texto originalmente publicado em: Dramaturgia em foco, Petrolina-PE, v. 7, n. 2, p. 416-425, 2023. 


Estética e política no último Mário de Andrade. Por Maria Sílvia Betti

 

Estética e política no último Mário de Andrade. 

Por Maria Sílvia Betti



Prefácio ao livro recém-lançado de Philippe Curimbaba Freitas


Em Estética e política no último Mário de Andrade: um estudo sobre a ópera Café, Philippe Curimbaba Freitas, pesquisador da área de música por formação, dirige atenção central para a análise dos processos compositivos da ópera, e realiza uma discussão detalhada do aspecto do engajamento, de suas configurações e implicações formais.

O engajamento é um eixo de preocupações recorrentes no trabalho de Mário de Andrade, mas mapeá-lo e examiná-lo é uma tarefa laboriosa, pois nele estão conflagrados elementos nem sempre harmoniosos entre si. Em seu trabalho Philippe Curimbaba Freitas procura investigar as origens do conceito de engajamento na obra de Mário de Andrade, apontando-as em Há uma gota de sangue em cada poema, de 1917, e rastreando suas ocorrências posteriores em dois trabalhos da fase final do autor: a introdução para a edição brasileira de Shostacovich, de Victor Seroff, e o inacabado O banquete.

Philippe Curimbaba Freitas destaca o fato de Mário de Andrade ter valorizado um tipo de relação obra de arte – público baseada não só em conteúdos, mas também em estímulos apresentados pela obra no terreno dos comportamentos morais. Mário de Andrade teria encontrado esses elementos tanto na música de Shostacovich como nas músicas políticas que tomava por base em seus ensaios sobre o assunto. Isso teria se tornado um princípio compositivo aplicado por ele no libreto da ópera Café, de 1942.

Nos anos 1940, num contexto marcado pelo Estado Novo e pela Segunda Guerra Mundial, Mário de Andrade teria passado a olhar com crítica as obras caracterizadas por um sentido absenteísta de arte, passando a sentir uma urgência de criar trabalhos engajados.

Como observa Philippe Curimbaba Freitas, Café, escrito para ser musicado por Francisco Mignone, é, desde sua concepção, um trabalho que exalta a revolução socialista ao recorrer ao repertório popular de danças dramáticas brasileiras.

Tal como em O banquete, existe um compromisso indiscutivelmente político nos conflitos sociais apresentados na ópera, associados por Philippe Curimbaba Freitas ao repúdio de Mário diante do conservadorismo da era Vargas e da assimilação perpetrada pelo Estado Novo do nacionalismo modernista. Mário teria vislumbrado na ópera a possibilidade de trazer à consciência de seu público noções como as da existência da exploração do trabalho, da luta de classes e da possibilidade de uma articulação revolucionária.

Estaria configurada em seu texto, assim, uma função moralizadora que era uma das preocupações centrais de Mário de Andrade na busca de um novo papel para a arte dentro desse contexto de crise civilizacional, já antes abordada em Macunaíma. Mário de Andrade só teria dado por cumprido o dever de artista que acreditava ter perante seu tempo ao criar a ópera e ao norteá-la por essas características compositivas ligadas ao engajamento desejado.

A ópera Café é, como evidencia o trabalho de Philippe Curimbaba Freitas, um dos principais elos de reflexão de Mário de Andrade com o sentido do engajamento na arte. Embora o conceito de sacrifício que lhe é associado também esteja necessariamente presente, o engajamento constitui-se numa espécie de centro de gravidade do trabalho, e responde ao eixo principal do impulso artístico e político presente nele.

O assunto “café” tinha papel fundamental não só como base econômica da sociedade, mas também como esteio de uma forma coletiva de vida na época. Ao colocar em foco o uso de conceitos como drama e épico, sacrifício e demagogia para abordá-lo, o estudo aqui realizado o faz a fim de analisar os processos determinantes da escritura. É importante frisar que o pressuposto teórico que o orienta é o do entendimento da forma como elemento portador de um conteúdo maior do que aquele ao qual remete a sua materialidade sensível, e que a atenção analítica mobilizada nele se volta não para o exame da relação entre a obra e suas condições externas contextuais, mas para o modo pelo qual a dinâmica interna e as soluções postas em prática pelo escritor foram influenciadas pela relação visada com seu público.

Do ponto de vista de sua tessitura compositiva, Café é uma obra híbrida e multifacetada, que mobiliza elementos e técnicas heterogêneos. Para Philippe Curimbaba Freitas ela não é apenas híbrida, mas paradoxal, pois composta a partir de pressupostos que aparentemente conflitam entre si. Ainda assim, observa-se nela, à luz da análise minuciosa realizada por ele em seu estudo, a predominância de uma coerência dramática, uma vez que as partes que a constituem apresentam ligações com o todo ou são justificadas por ele, o que lhe dá unidade e coerência.

Tanto elementos dramáticos associados ao aspecto conflitual, como épicos, associados aos coros e à justaposição de quadros são amplamente utilizados. O hibridismo compositivo não assegura o predomínio da forma dramática, mas também não apaga por completo os seus resíduos. Existe uma primazia do aspecto plástico no emprego de quadros vivos (tableaux vivants), apontando para a não causalidade dramática entre as cenas em sua sucessão, e existe também um regime formal antidramático nas linhas de concepção cênica e visual, apoiadas no lirismo e no simbolismo profético.

O uso de recursos épicos não remete, como ocorreria em Bertold Brecht, a processos e relações sociais. O coro, por exemplo, atua como entidade coletiva a partir da qual se colocam visões de mundo e perspectivas de vida ligadas às classes populares e à sua representação, mas sua utilização não impede que ocorra, em outros momentos e por outras perspectivas, a representação das classes dominantes.

Ao examinar a ocorrência tanto de padrões burgueses como antiburgueses em Café, Philippe faz observações de análise que indicam que essa coexistência não constitui contradição, mas que aponta para a unidade que se configura a despeito da heterogeneidade.

Uma passagem importante de sua análise a esse respeito coloca em foco a divergência de entendimento verificada entre Mário de Andrade e Sérgio Milliet a propósito da dificuldade de entendimento do público diante de obras contemporâneas no campo da pintura. Para Sérgio Milliet a dificuldade resultava do fato de ter havido uma transição histórica da técnica ligada a um padrão artístico aristocrático para a técnica ligada a um padrão artístico burguês.

Para Mário de Andrade, porém, a dificuldade era acarretada não pela mudança da técnica, e sim pela mudança do próprio assunto, que havia passado a ser burguês, gerando a necessidade de uma nova perspectiva de leitura e recepção.

Outra reflexão de análise igualmente importante diz respeito ao paralelo entre as formulações de Walter Benjamin sobre os efeitos da reprodutibilidade da obra de arte, e a concepção de Mário de Andrade, que via na reprodutibilidade técnica na música um elemento que não só influenciaria os processos de sua recepção, mas traria consigo a possibilidade de restauração de um ethos artístico perdido com o desenvolvimento do individualismo cristão e a organização das sociedades com base num princípio democrático.

O estudo da ópera Café realizado por Philippe Curimbaba Freitas abre caminho para futuras ligações de estudo e de análise em múltiplas direções e em diferentes terrenos artísticos, e convida seus leitores para que percorram com interesse investigativo o instigante percurso de criação trilhado por Mário de Andrade em seu libreto.

 

Referência


Philippe Curimbaba Freitas. Estética e política no último Mário de Andrade: um estudo sobre a ópera Café. São Paulo, 2023, 288 págs (https://amzn.to/457BGl7).

 

 

Maria Sílvia Betti é Professora Livre Docente do Departamento de Letras Modernas da FFLCH-USP, Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês. É autora, entre outras obras, de Dramaturgia Comparada Estados Unidos / Brasil: Três estudos. São Bernardo do Campo-SP: Cia. Fagulha, 2017.

 

 

 

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Apresentação - Oduvaldo Vianna Filho [1936-1974]: 2024, 50º aniversário de morte - Sobre Oduvaldo Vianna Filho - Por Maria Sílvia Betti

 

Apresentação
Oduvaldo Vianna Filho [1936-1974]:
2024, 50º aniversário de morte
Sobre Oduvaldo Vianna Filho

 Oduvaldo Vianna Filho - Vianinha



Maria Sílvia Betti

 

 

Oduvaldo Vianna foi o mais importante dramaturgo do Brasil na segunda metade do século XX, tanto por ter enfrentado agudos desafios em seu trabalho como por ter se colocado diante deles com o espírito de quem procura não apenas criar, mas pensar e colocar-se de forma crítica e transformadora dentro de seu contexto. Ligado à militância política comunista através de seus pais, Vianinha cresceu em contato com quadros históricos do PCB (Partido Comunista Brasileiro), como Joaquim Câmara Ferreira e Carlos Marighela. Participou ativamente das transformações que o teatro sofreu dentro do processo de modernização e industrialização do país nas décadas de 1950 e 1960. Participou, também, de iniciativas fundamentais para a renovação do teatro como veículo de reflexões estéticas e políticas: juntamente com companheiros do Teatro de Arena de São Paulo, do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes, e do grupo Opinião, no Rio de Janeiro, empenhou-se em redefinir o papel do teatro dentro da vida social e política do país, e procurou sempre, paralelamente, romper os limites de classe que pesavam sobre a produção cultural e que separavam da classe trabalhadora os intelectuais e artistas.

Entre o final da década de 1950 e o período que precedeu o golpe de 1964, Vianna criou trabalhos que avançaram significativamente no sentido de representar as questões políticas nacionais e os problemas que se apresentavam para o proletariado. É o que vemos em peças como Chapetuba Futebol Clube, de 1958-9, A mais valia vai acabar, seu Edgar, de 1961, Brasil versão brasileira, de 1961-2, Quatro quadras de terra, de 1962, e Os Azeredos mais os Benevides, de 1963.

Mesmo enfrentando os vetos constantes da censura política impostos a seus trabalhos, já sob a ditadura, Vianna criou alguns dos mais importantes textos teatrais brasileiros dessa época, como Moço em Estado de sítio e Se correr o Bicho pega, se ficar o Bicho come, de 1965, Mão na luva, de 1966, Dura lex sed lex no cabelo só Gumex, de 1967, Papa Highirte, de 1968, Nossa vida em família e A longa noite de Cristal, de 1970-1, Corpo a Corpo, de 1971, Allegro Desbum, de 1973, e Rasga Coração, sua obra-prima concluída às vésperas de sua morte prematura em 1974.

Vianna escreveu, paralelamente, textos teledramatúrgicos dotados de grande poder de síntese de impasses cruciais que pesavam sobre a classe trabalhadora, como Medéia, em que foi inspirada a peça Gota d´Água, de Paulo Pontes e Chico Buarque. Foi também, juntamente com Armando Costa, o responsável pelos roteiros que consagraram o seriado A Grande Família.

O trabalho de Oduvaldo Vianna Filho é fundamental não só para quem estuda dramaturgia, mas também e principalmente para todos os que se interessam pelo mergulho crítico nos processos históricos do país em sentido amplo, enxergados sob a perspectiva das classes trabalhadoras e das lutas políticas da esquerda. Seus trabalhos documentam a rigorosa e intensa pesquisa estética com que ele procurou tratar dessas questões, e ao mesmo tempo a forma analítica e profundamente autocrítica com que ele buscou amadurecer a reflexão política e os expedientes dramatúrgicos utilizados.

Os dramaturgos e encenadores brasileiros da primeira metade do século XX não haviam legado à geração que os sucedeu elementos que permitissem avançar decisivamente no tratamento dramatúrgico e cênico das questões imediatas do país. A necessidade de enfrentar esse desafio se tornou premente para os que os sucederam. Dentre eles foi Vianna que se debruçou com particular afinco e radicalidade sobre essa questão: seus trabalhos teatrais e seus textos ensaísticos, por isso, constituem o mais representativo e coeso conjunto de criações e reflexões produzido por sua geração no teatro brasileiro de sua época.

Vianna pertence à primeira geração de dramaturgos brasileiros a travar contato com o teatro de Brecht, e a descobrir nele expedientes importantes para a representação dramatúrgica de questões da estrutura material da sociedade, da exploração do trabalho, da figuração da luta de classes e do próprio papel do teatro.

Seu teatro como um todo insere-se num momento em que o país ingressava numa nova fase de desenvolvimento capitalista sem ter previamente superado as contradições relativas à sua estrutura econômica e administrativa e ao processo de industrialização em curso. Vianna recorreu com frequência às ferramentas épicas de expressão dramatúrgica, que utilizou tanto no CPC da UNE (Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes), nos esquetes de teatro de rua, como nas peças mais longas escritas nas demais fases de seu trabalho.

A atualidade de seu trabalho é objetivamente constatável pelo modo analítico e reflexivo com que seu teatro responde às necessidades impostas pela matéria histórica representada em cada uma das fases de seu percurso.

Em um dos escritos ensaísticos que ele escreveu na época de sua participação no Teatro de Arena, no início de sua carreira, Vianna afirmava:

Quero fazer um teatro que pretende enriquecer o instrumento do homem, com que ele enfrenta a realidade, permitindo-lhe uma intervenção direta no seio mesmo das próprias condições que originam sua trágica existência - necessariamente trágica pelas condições, não porque suas vontades formam condições, porque as condições formam vontades. Um teatro que distinga a realidade da representação e dos valores que o homem dela tira para a modificação destes mesmos valores, mais aptos para enfrentar as condições que a originaram.[1]

 

Muitos anos mais tarde, ao escrever um Prólogo originalmente destinado a acompanhar sua última peça, Rasga Coração, ele escreveria:

 um teatro que exige do espectador

que deixe o ter a psicologia que tem

submete-o a uma extrema tensão psíquica

considera que a psicologia que temos

é uma vontade nossa

somos assim porque queremos ser assim

nós não consideramos a coisa essa maneira

 para nós, a psicologia que existe

é um sistema real para viver neste mundo

não podemos pedir portanto que você abandone você

o que queremos pedir é que você se divida,

lute consigo mesmo

à sua psicologia de vida presente

queremos apresentar uma psicologia de aspiração de um mundo melhor

e o queremos dividido, mais dividido,

não o queremos uno, inteiro, soberbo,

 nós o queremos dividido.[2]

 

A ideia do teatro como campo de debate de ideias e de organização do pensamento, a noção de um mundo historicamente determinado e por isso passível de transformação, e a busca constante e ininterrupta de aprofundamento das ferramentas artísticas de expressão foram elementos inerentes à forma pela qual Vianna pensou e desenvolveu seu trabalho. Tanto no campo do fazer teatral como no da construção de um pensamento crítico dentro da criação, Vianna avançou tão decisivamente porque vinha de uma trajetória ligada ao mesmo tempo à luta política e à prática artística, e porque as tratou como inseparáveis mesmo quando tensionadas entre si.




[1] O artista diante da realidade. In PEIXOTO, Fernando (org.). Vianinha: Teatro, Televisão, Política. São Paulo: Brasiliense, 1983, p. 73.

 

[2] VIANNA FILHO, Oduvaldo. Prólogo Inédito. In Rasga Coração. São Paulo: Editora Temporal,  2018, p. 166.



Maria Sílvia Betti é Professora Livre Docente do Departamento de Letras Modernas da FFLCH-USP, Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês. É autora, entre outras obras, de Dramaturgia Comparada Estados Unidos / Brasil: Três estudos. São Bernardo do Campo-SP: Cia. Fagulha, 2017.

 


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