FICHA TÉCNICA PAPA HIGHIRTE. Por Tin Urbinatti


FICHA TÉCNICA PAPA HIGHIRTE. Por Tin Urbinatti.


Tin Urbinatti, especial para o Blog da Cia Fagulha.




Tin Urbinati, autor do livro Peões em cena. Grupo de Teatro Forja,
dirigiu a peça Papa Highirte, de Vianinha, em 1976.



As condições políticas e a brutal repressão exercida pela ditadura militar nos anos de 1970 sobre os movimentos populares, obrigavam os cidadãos a ficarem sempre prevenidos e alertas. Os estudantes que participavam das lutas do movimento estudantil eram permanentemente vigiados, presos, e alguns até mortos. Adriano Diogo, Arlete Diogo, Alexandre Vannuchi Leme, são alguns dos casos mais conhecidos. O assassinato do professor, jornalista e diretor de tv Wladimir Herzog que ficou conhecido mundialmente.
Todo cuidado era necessário. Evitávamos deixar qualquer papel com anotações sobre nossas discussões, principalmente os nomes das pessoas.
 Ao final de certas reuniões mais complicadas, era tarefa queimar todos os papéis com anotações. Dentro desse clima, dessa tensão, fazer um espetáculo teatral era um ato de extrema ousadia e exposição das pessoas. Não submetíamos nossos espetáculos à censura da ditadura.
Nesse sentido, evitávamos fazer programa das peças onde inevitavelmente iríamos colocar os nomes de pessoas. O máximo que fazíamos eram textos explicativos ou complementares sobre a encenação.
Fazíamos filipetas (pequenas tiras de papel) anunciando a peça, autoria, direção (no caso do Grupo de Teatro da Ciências Sociais a direção era minha, que já era conhecido como ator profissional). Quando usávamos algo impresso colocávamos apenas os apelidos dos atores.
Mesmo assim, com todo esse cuidado, vários companheiros foram denunciados aos órgãos da repressão.

O máximo que a gente tinha na época eram filipetas de divulgação. Por exemplo: Doutor Getúlio, a gente criava uma filipeta que chamávamos de ‘mosquito’, uma tira de papel cumprida, estreita, na qual a gente colocava o nome da peça; o nome do autor, no caso Dias Gomes; direção Tin; grupo das ciências sociais. Onde? Em tal lugar, tal hora. Era esse o nosso material de divulgação.
Não continha nome de ninguém, no máximo apelido! Era temerário fazer isso. Eu era o cara mais exposto porque eu já era conhecido do teatro profissional.


FICHA TÉCNICA DO PAPA.

A peça teatral Papa Highirte, de Oduvaldo Vianna Filho (Vianinha), teve sua primeira montagem no Brasil no ano de 1976, EM 16 DE AGOSTO no auditório da Faculdade de Ciências Sociais na USP, em São Paulo, pelo Grupo de Teatro da Ciências Sociais. Tivemos duas temporadas, a primeira em agosto-setembro e a segunda no mês de dezembro de 1976.

A seguir, a ficha técnica destas duas temporadas:

PAPA HIGHIRTE, texto de Oduvaldo Vianna Filho.

Juan Maria Guzamon Highirte (Papa Highirte) - “Gigi”
Pablo Mariz- (Diego) - Tin
Graziela - Aurea
General Perez Y Mejia - “Samuca”
General Menandro, Coberto 1 - Mauro
William Eskel, Coberto 2, Hermano Arrabal (Manito) - Zé Carlos.
Morales - Luiz Antônio
Grissa - “Zezé”.

Direção – Tin Urbinatti

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SERVIÇO:

Papa Highirte
Autor: Oduvaldo Vianna Filho - Vianinha
Editora: Temporal
ISBN 13:       978-85-53092-02-4

Páginas:       120
Papa Highirte – Oduvaldo Vianna Filho - Vianinha


WhatsApp.: (011) 95119-8357



Conheça também:

de Maria Sílvia Betti (organizadora da edição de Rasga Coração)

Dramaturgia Comparada Estados Unidos / Brasil: Três estudos
Autora: Maria Sílvia Betti
Editora: Cia. Fagulha
ISBN 13:       978-85-68844-03-8
Páginas:       360




Dramaturgia Comparada Estados Unidos / Brasil: Três estudos – Maria Sílvia Betti




WhatsApp.: (011) 95119-8357


Tapa e Arena: uma ponte na história. Por Maria Sílvia Betti


Tapa e Arena: uma ponte na história. Por Maria Sílvia Betti [1]

Foto de A dama da loção antipiolho [uma das 3 peças curtas que integram o espetáculo Alguns  blues do Tennessee].

Elenco: Rita Giovanna (a senhoria, Mrs. Wire), Isabella Lemos (a inquilina moradora de um dos cubículos, Mrs. Hardwicke-Moore) Conrado Sardinha (o escritor, outro morador).

Grupo Tapa encena peças curtas de Tennessee Williams.

A ponte que liga o TAPA ao Arena tem um eixo central em comum: o foco sobre o trabalho do ator e o repertório dedicado à dramaturgia. O Teatro de Arena, fundado por José Renato em 1953, implantou pioneiramente no Brasil a estrutura cênica que lhe deu o nome, e teve de enfrentar o desafio de desenvolver padrões de interpretação compatíveis com a natureza camerística desse espaço.
A esse desafio somou-se outro alguns anos depois: o de desenvolver uma dramaturgia que figurasse as condições reais do país, e que o fizesse a partir de uma perspectiva crítica e não meramente cronística. Estava-se então em 1958, e desse momento em diante as etapas que se seguiram configuraram transformações fundamentais para a dramaturgia tanto sob o ponto de vista da matéria representada como de seus parâmetros formais e estilísticos.
O projeto do TAPA na ocupação do Teatro de Arena [Edital Myriam Muniz 2013] propôs-se a dialogar de três maneiras com essas etapas e com seu significado histórico: revisitando peças que integraram tanto o repertório do Arena como o seu próprio em algum momento; introduzindo peças contemporâneas condizentes com o espaço cênico; e incorporando montagens voltadas também ao público escolar e infantil. Neste último aspecto em particular o grupo ao mesmo tempo repassa a experiência do Arena em montagens de sua primeira fase, retoma o ponto de partida de seu próprio percurso profissional, em 1979, e remete ao Panorama do Teatro Brasileiro, que desenvolveu durante os anos 90.
A confluência entre o projeto ora apresentado e a história do Arena não resulta só da programação de títulos em comum: o processo de estudo interno que caracteriza o TAPA, e que tem mantido em foco peças de Machiavelli, Martins Pena, Tennessee Williams e Pirandello, representa em si uma forma importante de trabalho que evoca, em muitos pontos, o processo formativo do Arena ao longo de seu trabalho. A montagem de “O longo adeus”, de Tennessee Williams, reporta-se à peça de estreia do Arena, traduzida por Esther Mesquita como “O demorado adeus” e dirigida por José Renato em 1953. A comédia social de Martins Pena, mais uma vez pautada pelo TAPA, teve papel importante também no Arena em seus anos iniciais. “A Mandrágora”, de Machiavelli, que integra o repertório do TAPA, traz à pauta a fase de nacionalização dos clássicos do Arena, na primeira metade dos anos 60.
Algumas outras peças dos autores desses títulos comuns aos dois grupos foram programadas agora pelo TAPA em sua ocupação do Teatro de Arena: é o caso de “Alguns Blues do Tennessee”, coletânea de três peças em um ato de Tennessee Williams (“O quarto escuro”, “Verão no lago” e “A dama da loção antipiolho”) já anteriormente encenada em traduções dos próprios atores, e de “Out Cry”, inédita e que estreará em tradução também feita pelo TAPA. De Pirandello, outro dramaturgo cujo trabalho tem sido objeto de estudo interno continuado, as duas peças programadas, “Amargo Siciliano” e “De um ou de nenhum”, foram igualmente traduzidas pelo grupo e exaustivamente revisadas durante os ensaios.
A caracterização de uma confluência com o trabalho do Arena se dá, em todos esses casos, não só pela importância histórica desses textos ou por suas possibilidades interpretativas específicas, mas também — e principalmente — pelo papel que o próprio projeto de encená-los desempenha para os atores e público do TAPA, na correlação histórica entre seu trabalho e o do Teatro de Arena.



[1] Maria Sílvia Betti é Professora Livre Docente do Departamento de Letras Modernas da FFLCH-USP, Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês. Orienta também no Departamento de Artes Cênicas da ECA-USP.

Livros:

Autora de Dramaturgia Comparada Estados Unidos/Brasil. Três estudos (Cia. Fagulha, 2017), e Oduvaldo Vianna Filho (EDUSP/FAPESP, 1997).

Tradutora de O método Brecht, de Fredric Jameson (Vozes, 1998), depois relançado em edição revista com o título Brecht e a questão do método (Cosac & Naifiy), 2013.

Organizadora, prefaciadora e autora dos textos de apresentação de Rasga Coração (Temporal, 2018) e Papa Highirte (Temporal, 2019), ambos de Oduvaldo Vianna Filho.

Organizadora e prefaciadora de Patriotas e traidores. Escritos anti-imperialistas de Mark Twain (Fundação Perseu Abramo, 2003), O Povo do Abismo. Fome e miséria no coração do Império Britânico, de Jack London (Fundação Perseu Abramo, 2004).

Prefaciadora de Mr. Paradise e outras peças em um ato (´É Realizações, 2011) e 27 Carros de algodão e outras peças em um ato (É Realizações, 2013) ambos de Tennessee Williams. 


Artigos recentes:

Dois aspectos da atualidade de Rasga coração. (In Blog da Cia. Fagulha). Disponível em: <https://blogdaciafagulha.blogspot.com/2019/03/dois-aspectos-da-atualidade-de-rasga.html>.

Onze livros para o conhecimento do teatro estadunidense no Brasil. (In Blog da Cia. Fagulha). Disponível em: <https://blogdaciafagulha.blogspot.com/2019/02/onze-livros-para-o-conhecimento-do.html>.

Papa Highirte, de Oduvaldo Vianna Filho: apontamentos de análise dramatúrgica (In Blog da Cia. Fagulha). Disponível em: <https://blogdaciafagulha.blogspot.com/2019/01/papa-highirte-de-oduvaldo-vianna-filho.html>.

"The Piscator Notebook", de Judith Malina: apontamentos de análise sobre o registro de um processo formativo. (In Blog da Cia. Fagulha). Disponível em: <https://blogdaciafagulha.blogspot.com/2019/02/the-piscator-notebook-de-judith-malina.html>.

Ingrid, Brueghel e o Teatro de figuras alegóricas (in Ingrid Koudela: o Teatro como alegoria.Org. Igor Almeida, SESC, 2018).






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SERVIÇO:


Conheça:

de Maria Sílvia Betti (organizadora das edições de Rasga Coração e de Papa Highirte)


Dramaturgia Comparada Estados Unidos / Brasil: Três estudos
Autora: Maria Sílvia Betti
Editora: Cia. Fagulha
ISBN 13:       978-85-68844-03-8
Páginas:       360



Dramaturgia Comparada Estados Unidos / Brasil: Três estudos – Maria Sílvia Betti







Tel.: (011) 3492-3797


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