Dia Internacional da Mulher – 8 de março. Por Danielle Rezera

 

Dia Internacional da Mulher – 8 de março. Por Danielle Rezera


Simone Weil disse que a liberdade é a consciência das opressões que vivemos.

A liberdade é de fato agir, ser, intervir, vincular-se. A liberdade exige uma responsabilidade conosco e com os demais, é generosidade genuína pois é atenção-ação. Nesse sentido, Maria Firmirno dos Reis também nos incita a refletir que a liberdade dos oprimidos se dá ao reconhecer a condição e a força desumanizadora que cria as mercadorias humanas, só assim para não confundir liberdade com o direito de troca de cativeiro por outro cativeiro, seja qual for. 

Eliane Potiguara também nos ensina que a partir da dignidade é que construímos o bonito da vida, é pela dignidade dentro de nós que podemos lutar pela dignidade em torno de nós, é por ela que podemos florir no meio do ódio e construir e abrir portas. Talvez as portas daquilo que Clarice Lispector chama de purificação e libertação, algo ainda maior que a pureza e a liberdade. Algo mais forte que possa nos fazer sentir vivas e vivos, que nos faz saber que perder-se também é caminho, pois daí nos salvamos de falsos acertos e reconhecemos o que não prevíamos descobrir e que pode ser o essencial de nós.

Li outro dia a Maria Teresa Leon: “é difícil ser velha (…) a mim me dá medo que chegue um dia e ninguém mais me enxergue”. Clarice falou que quando ficasse sozinha (depois de cumprir suas “funções” na vida), estaria seguindo o destino de todas as mulheres. O que me faz pensar que talvez seja esse um preço muito alto que pagam todas aquelas que mais cuidam do que são cuidadas, que são confundidas com fortes por serem corajosas diante da tormenta que enfrentam cotidianamente para garantir seu pão e o pão, a vida, a alegria e a dignidade de outros.

Assim, espero que possamos neste “dia” da mulher, refletir sobre tantos passos que nos sucederam imersos em atrozes adversidades e desumanidades, tantos joelhos cansados e fraturados com a dor do mundo e que ainda foram para roda celebrar a vida e compartilhar o amor e alegria.

Mostrando que a lida nesta vida é uma arte cotidiana que visa a liberdade como libertação, como voz que ressoa por centenas de tempos e nos acode, nos sacode, nos inspira. E derrama em nós a responsabilidade que temos conosco e com a humanidade que temos e com a que vem.

Acredito que isso é realmente nossa função fértil e nossa contribuição para ser e ter dignidade, liberdade e libertação.

Neste dia da mulher, lembremos Kollontai, ao dizer que esta data é a celebração de um projeto de união, de elevação da consciência da classe trabalhadora para as condições de vida e de luta para um futuro melhor para todos.

 

 Danielle Rezera


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