VIANINHA - dramaturgia, pensamento estético e luta política.
Ciclo de encontros
quinzenais online
Ciclo
de encontros quinzenais online
ODUVALDO
VIANNA FILHO [1936-1974]: dramaturgia, pensamento estético e luta política.
Por
ocasião do 50º aniversário de morte do dramaturgo
Docente responsável: Maria Sílvia Betti – FFLCH-USP
Gravações:
de 21 de junho a 25 de outubro
Sextas-feiras: das 16h às 18h
Organização:
Agenor Bevilacqua Sobrinho – Cia. Fagulha
Inscrições gratuitas
https://forms.gle/58jmwmc2JXdMf23s7
Observação: APENAS INSCRITOS TERÃO ACESSO AO
DRIVE DO CURSO
21
de junho – Chapetuba Futebol Clube e A mais valia vai acabar, seu Edgar
05
de julho – Auto dos 99%. Ou como a
Universidade capricha no subdesenvolvimento e Brasil versão brasileira
19
de julho – Quatro quadras de terra e Os Azeredo mais os Benevides
02
de agosto – Show Opinião e Se correr o Bicho pega, se ficar o Bicho
come
16
de agosto – Moço em estado de sítio e
Mão na luva
30
de agosto – Dura lex sed lex, no cabelo
só Gumex e Papa Highirte
13
de setembro – Corpo a corpo e Allegro desbundaccio. Ou se o Martins Pena
fosse vivo.
27
de setembro – A longa noite de Cristal
11
de outubro – Nossa vida em família
25
de outubro – Rasga coração
2024 assinala o 50º aniversário da morte
de um nome fundamental do teatro e das lutas de esquerda no país: Oduvaldo
Vianna Filho (Vianinha).
Em seus quase vinte anos de carreira, Vianinha trabalhou em
iniciativas que colocaram em foco a renovação estética e política da
dramaturgia e do teatro no Brasil: entre
1955 e 1960 no Teatro de Arena
de São Paulo, entre 1961 e 1964
no Centro Popular de Cultura da União
Nacional dos Estudantes, e entre 1964 e 1967 no Grupo Opinião, no Rio de Janeiro.
Juntamente
com seus companheiros, em todas essas frentes de trabalho, Vianinha lidou continuamente
com a necessidade de redefinir o papel do teatro como veículo de pensamento
crítico e de luta. Os desafios que enfrentou nesse sentido foram cruciais, e
talvez tenham sido os mais agudos e intensos dentre os enfrentados por seus
coetâneos.
O primeiro desses desafios foi o de
tentar abolir os limites de classe
que pesavam sobre a produção cultural e que separavam o intelectual e o artista
da classe trabalhadora. Essa perspectiva inspirou todas as formas de trabalho
dentro no Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes.
Em 1964
o golpe militar cortou os elos de contato entre os intelectuais de classe média
e o proletariado, e instaurou a perseguição política e a censura. Dentro desse
contexto, um segundo desafio se apresentou: o de encontrar formas de
expressão que permitissem, em alguma medida, formular e transmitir, com
eficácia artística e pertinência de análise, um pensamento crítico ao regime
que sufocava o país.
Em 1968
o Ato Institucional número 5 foi promulgado pelo governo militar e tornou ainda
mais acirrada a repressão e a perseguição de todos os que se ligassem a
organizações de esquerda, fosse por afinidade de pensamento, fosse por
militância propriamente dita. Com isso apresentou-se o terceiro (e
talvez o mais difícil e agudo) desafio a ser enfrentado: era necessário e
urgente, de alguma forma, mesmo naquelas terríveis circunstâncias, trabalhar
para atingir outras faixas de interlocutores e de público. Isso levou Vianinha
a estreitar seus laços com o trabalho
na televisão.
Embora já tivesse escrito para a TV nos
anos anteriores, Vianinha tornou-se colaborador frequente do programa “Caso
Especial”, da Rede Globo de Televisão.
A Rede Globo, em 1965, havia recebido insumos significativos financeiros do
grupo estadunidense Time-Life, e tinha indiscutível afinidade com o pensamento
político do governo militar. Vianinha sabia disso, mas acreditava na existência
de brechas dentro do sistema implantado de rede televisiva, e defendia a
estratégica e consciente ocupação delas.
As críticas de que passou a ser alvo por
parte da esquerda acirraram-se quando, algum tempo depois, ele e Armando Costa, seu companheiro do CPC
e do grupo Opinião, assumiram, com enorme sucesso de público, a criação de scripts para o seriado “A Grande Família”, e levaram para as
telas da TV os problemas de sobrevivência enfrentados por diferentes gerações
da classe trabalhadora.
Nenhum desses desafios tornou-se obsoleto
ou foi superado ao longo das décadas que se seguiram após sua morte em 1974. Em
seus trabalhos Vianinha havia se apoiado sempre na materialidade das lutas
políticas travadas no chão histórico do país, mergulhando na análise de seus
processos com abrangência e com busca de totalidade. Mas nos anos que se
seguiram, as formas de capitalismo dependente e predatório implantado no país foram
tornando prioritárias outras formas de percepção e expressão por parte das
gerações que se seguiram.
O amadurecimento dramatúrgico e analítico registrado
no teatro de Vianinha ainda não foi superado dentro das coordenadas de trabalho
dramatúrgico vigentes neste momento em que nos encontramos. Apesar disso, ao
olharmos à nossa volta, constatamos que, nem mesmo nos anos de chumbo da
ditadura militar, foi tão difícil como agora construirmos condições relevantes
e coerentes para debater e analisar suas peças e principalmente para, a partir
delas, procurarmos entender e discutir nosso presente. É isso que propomos com
esta sequência de encontros quinzenais.
Apoio: Blog da Cia. Fagulha
https://blogdaciafagulha.blogspot.com/
Realização:
https://www.ciafagulha.com.br/
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