Filme IDA – Análise de como a fotografia conversa com a narrativa do filme

Filme IDA – Análise de como a fotografia conversa com a narrativa do filme



Os percursos de uma decisão


 

Quando Ida está prestes a fazer seus votos no Convento, a Madre Superiora a aconselha a conhecer a parente ainda viva da família. Daí, ela e a tia Wanda passam a investigar o passado e descobrem como os pais de Anna foram expulsos de sua pequena propriedade e mortos, durante a ocupação nazista da Polônia, por serem judeus.

No Convento, a fotografia basicamente apresenta tons cinzas e mostra a austeridade da vida no monastério utilizando-se ora de espaços amplos para revelar a grandeza da instituição Igreja e, em outros momentos, o espaço acanhado do quarto reservado às futuras freiras.

Inicialmente, há um plano de ambientação, identificando onde a história se passa. Seguido por um plano aberto, exibindo a grandeza do Convento em relação às noviças de cima para baixo.

As noviças carregam a estátua de Jesus no pátio do Convento, e o ângulo adotado é o enquadramento plongée, tomada de cima para baixo, indicando a inferioridade de quem está no chão em relação ao ponto de vista de cima, no caso, da divindade. A mesma estátua é posta dentro de um círculo, designando a figura geométrica da ideia de perfeição e absoluto.

A saída de Anna do claustro de alguma forma cria, mesmo em preto e branco, matizes variados de cinza. Ela chega à casa da tia caminhando por um local de sombras, ou seja, a atmosfera de desconhecido que a personagem vivencia.

Em geral, o posicionamento do foco mostra a tia do lado direito, evidenciando uma posição de poder, enquanto Anna é posta à esquerda, assinalando uma posição de desconforto e fragilidade.

Nas paredes do banheiro aparecem formas geométricas retangulares e, na cozinha, figuras quadradas, sugerindo as ideias de segurança e solidez.

No bar em que a banda toca, o matizado das cores claro e escuro se acentua, revelando a alegria que a música proporciona.

O desenterrar dos pais de Anna/Ida, realizado pelo próprio assassino deles, é com o ângulo plongée, de cima para baixo, ressaltando a vileza do algoz ao enquadrá-lo dentro da cova que ele cavara para suas vítimas.

Chocada com o suicídio da tia, Anna/Ida parece emular seu comportamento usando vestido e sapato da tia. Até mesmo se aproxima intimamente do músico, daí a luz mais clara, despontando a perda de amarras. Na cama, ângulos inusitados do rosto. No entanto, quando dialoga com o rapaz, suas dúvidas sobre o que fazer da vida se acumulam, e os tons sombreados recobrem a cena. Ao voltar ao Convento para tornar-se freira, a luz clara se intensifica, denotando a firmeza de sua decisão.

 

 

Ficha técnica

IDA - 2013

 

Diretor: Pawel Pawlikowski

Diretor de fotografia: Ryzsard Lenczewski

 

Elenco:

Agata Trzebuchowska como Ida Lebenstein

Agata Kulesza como Wanda Gruz

Joanna Kulig como a cantora

Dawid Ogrodnik como Lis, o saxofonista

Adam Szyszkowski como Feliks Skiba

Jerzy Trela como Szymon Skiba

 



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