A Catástrofe do Sucesso -
Tennessee Williams - On A Streetcar Named Success - by Tennessee Williams
A Catástrofe
do Sucesso
Tennessee Williams
On A Streetcar Named Success
by
Tennessee Williams
Tennessee Williams
Publicado
anteriormente em:
(Publicado pela primeira vez no New York Times — Drama Section, 30
de novembro de 1947, quatro dias antes da estreia de A Streetcar Named
Desire — e mais tarde reproduzido na revista Story.)
ESTE inverno assinalou o terceiro aniversário da estreia,
em Chicago, de A Margem da Vida, um evento que pôs término a uma parte
de minha vida e começou outra tão diferente da precedente em todas as
circunstâncias externas quanto será fácil imaginar. Fui arrancado de meu quase
anonimato e atirado aos píncaros de uma fama repentina e, do precário aluguel de
quartos mobiliados em várias regiões do país, fui trasladado para um
apartamento de um hotel de primeira classe em Manhattan. Minha experiência não
foi única, pois o sucesso muitas vezes já irrompeu, da mesma forma abrupta, na
vida de muitos americanos. A história de Cinderela é nosso mito nacional favorito,
a pedra fundamental da indústria cinematográfica, senão da própria Democracia.
Eu já a vira representada na tela tantas vezes que estava agora inclinado a
recebê-la com um bocejo de enfado, não com descrença, mas com a atitude de quem
desse de ombros, exclamando: "Que bem me importa!" Qualquer pessoa
dotada de dentes e cabelos tão lindos, como a protagonista cinematográfica de
tal história, tinha, por força, que se divertir a valer, fosse como fosse. Você
podia apostar seu último dólar e todo o chá da China em que aquela estrela
nunca seria vista, viva ou morta, em qualquer tipo de reunião que exigisse um
mínimo de consciência social.
Não, minha experiência não era excepcional, mas por
outro lado não era tampouco comum e caso você esteja disposto a aceitar a tese
um tanto eclética de que eu não escrevera tendo em mente tal experiência - e há
muita gente não disposta a crer que um dramaturgo possa estar interessado em
outra coisa que não seja o sucesso popular - talvez haja certa razão para
compararmos estas duas fases de minha vida.
A vida que eu levara antes de atingir esse sucesso
de público era do tipo que exigia resistência e tenacidade, que me fazia
agarrar-me à superfície cheia de arestas que me feriam e me obrigavam a
prender-me firmemente, com unhas e dentes, a cada centímetro de pedra colocado
mais alto que o precedente - mas era uma vida substancialmente boa porque era
do tipo para o qual o organismo humano é criado.
Eu só me dei conta de quanta energia vital eu
despendera naquela luta quando esta cessou. Encontrei-me então num planalto,
com meus braços ainda se agitando no ar e meus pulmões sorvendo sofregamente um
ar que já não oferecia resistência. Isto era a segurança, afinal.
Sentei-me e olhei a meu redor e de repente me senti
muito deprimido. Pensei comigo mesmo: não é nada, é só o período de adaptação.
Amanhã de manhã, acordarei neste hotel de luxo, pairando sobre o ruído discreto
que sobe de um bulevar dos quarteirões elegantes do East Side e então
apreciarei seu requinte e mergulharei em seu conforto, consciente de que
cheguei ao nosso conceito americano do Olimpo. Amanhã de manhã, quando eu olhar
para este sofá de cetim verde, me apaixonarei por ele. É: só agora,
temporariamente, que aquele cetim verde me dá a impressão de limo em água
estagnada.
Mas na manhã seguinte o sofazinho inofensivo
parecia ainda' mais repugnante dó que na noite anterior e eu já começava a
engordar demais para usar o terno de 125 dólares que um conhecido elegante
escolhera para mim. Na suíte que eu ocupava, objetos começaram a quebrar-se
acidentalmente. Um braço saiu - do sofá; Queimaduras· de cigarro apareciam na
superfície brilhante dos móveis. Eu deixava as janelas abertas e uma vez uma
chuvarada inundou a suíte. Mas a empregada sempre endireitava tudo e a
paciência do gerente do hotel era inextinguível. Festas que duravam até de
madrugada não o ofendiam seriamente. Só uma bomba de demolição, parecia-me,
podia incomodar meus vizinhos.
Eu recebia minhas refeições no apartamento. Mas até
isto também tinha seu quê de desencanto. No tempo que decorria entre o momento
em que eu escolhia o jantar pelo telefone e o momento em que ele entrava em meu
quarto num carrinho, como um cadáver transportado numa mesa de rodas de
borracha, eu perdia todo interesse por ele. Uma vez pedi um bife de filé e um sundae
de chocolate, mas tudo estava disfarçado tão habilmente na mesa que
confundi a cobertura de chocolate com o molho da carne e a derramei sobre o bife.
É claro que tudo isto era só o
aspecto mais trivial de um deslocamento espiritual que começou a manifestar-se
de formas muito mais perturbadoras. Logo notei que comecei a ficar indiferente
às pessoas. Senti-me presa de uma onda de cinismo. As conversas que eu ouvia me
pareciam todas gravadas há muitos anos e tocadas de novo num toca-discos.
Parecia que a sinceridade e a bondade tinham desaparecido da voz dos meus
amigos. Suspeitei que fossem hipócritas. Parei de telefonar-lhes, parei de
vê-los. Não tinha mais paciência com o que me parecia ser os sintomas de uma
adulação idiota.
Fiquei tão saturado de ouvir gente dizer
"adorei sua peça!" Que já nem podia mais agradecer. Eu me engasgava
com aquelas palavras e virava as costas grosseiramente à pessoa geralmente
sincera que as dissera. Já não sentia orgulho pela peça em si, ao contrário,
comecei a enjoar dela, talvez porque me sentia demasiado morto por dentro para
poder escrever outra. Eu caminhava como um zumbi, um morto conduzido pelos meus
próprios pés. Sabia disso mas não contava então com amigos em quem confiasse o
suficiente para leva-las para um canto e contar-lhes o que me estava
acontecendo.
Esta situação estranha persistiu durante três
meses, até quase fins da primavera, quando decidi submeter-me a outra operação
na vista, principalmente devido ao pretexto que ela me oferecia de retirar-me
do mundo detrás de uma máscara de gaze. Era já minha quarta operação na vista e
talvez eu deva explicar que eu sofria há uns cinco anos de uma catarata no olho
esquerdo que exigia urna série de operações torturantes e finalmente uma
operação no músculo do Olho (ainda tenho esse olho, esclareço).
Bem, a máscara de gaze teve sua serventia. Enquanto
eu estava repousando no hospital, os amigos, que abandonara ou insultara de uma
forma ou de outra, começaram a visitar-me e agora que eu jazia em meio à
escuridão e às dores suas vozes pareciam ter mudado. Ou melhor: aquela mutação
desagradável, que eu suspeitara antes, desaparecera no presente e elas soavam
agora como sempre nos dias saudosos de minha obscuridade perdida. Novamente eu
as reconhecia como sendo vozes sinceras e bondosas, animadas por um tom
inconfundível de verdade e pela virtude da compreensão que me fizera busca-las
desde o início.
No tocante à minha visão física, essa última
operação tinha tido resultados só relativamente bons (embora me tivesse deixado
com uma pupila aparentemente preta na posição devida ou quase) mas em outro
sentido, figurado, da palavra, ela servira a um propósito muito mais profundo.
Quando foi retirada a máscara de gaze, encontrei-me
readaptado ao mundo. Deixei o apartamento elegante do hotel de luxo, guardei na
mala meus papéis e alguns pertences e parti para o México, um país telúrico em
que se pode esquecer rapidamente as falsas dignidades e as vaidades impostas
pelo sucesso, um país em que vagabundos inocentes como crianças enrolam-se para
dormir nas calçadas e as vozes humanas, principalmente quando a linguagem em
que falam não é familiar a nossos ouvidos, parecem nos suaves como o gorjeio
dos pássaros. Meu "eu" público, aquele artifício de espelhos
sobrepostos, não existia aqui, e, portanto, eu voltava a meu "eu"
natural.
Depois, como um ato final de restauração
espiritual, permaneci durante algum tempo em Chapala, para trabalhar numa peça
chamada A Partida de Pôquer, que se tornaria mais tarde Um Bonde
Chamado Desejo. É só no seu trabalho que um artista pode encontrar a
realidade e a satisfação, pois o mundo ambiente, real, é menos intenso que o
mundo de sua invenção e consequentemente sua vida, sem recorrer a desordens
violentas, não lhe parece muito importante. A condição verdadeira de vida para
um artista é aquela em que seu trabalho é não só conveniente mas também
inevitável.
Para mim, um lugar conveniente para trabalhar é um
lugar distante, em meio a estranhos, onde eu possa dar umas braçadas. Mas a
vida deve exigir um mínimo de esforço de nossa parte. Você não deve ter gente
demais a servi-lo, ao contrário: você devia fazer sozinho a maioria das coisas.
O serviço oferecido pelos hotéis é embaraçoso. As empregadas, os garçons, os boys
e os porteiros etc. são as pessoas mais embaraçosas do mundo porque
continuamente estão a recordar-nos as iniquidades que nós aceitamos como
coisas certas. O quadro de uma velhinha ofegante que carrega com enorme esforço
um balde pesado d'água por um corredor de hotel para limpar a imundice de um
hóspede bêbado e cheio de privilégios sociais é um quadro que me faz ficar
doente e oprime meu coração, fazendo-o murchar de vergonha deste mundo, em que
essa situação é não só tolerada mas considerada como a prova dos nove de que o
mecanismo da Democracia está funcionando devidamente, sem interferência de cima
ou de baixo. Ninguém deveria ter que limpar a imundice de outrem neste mundo. É
intoleravelmente horrível para ambas as pessoas mas talvez pior ainda para quem
recebe esse tipo de serviço.
Fui tão corrompido quanto qualquer outra pessoa
pelo número vastíssimo de serviços humilhantes que nossa sociedade se acostumou
a esperar e do qual ela depende. Mas nós devíamos fazer tudo por nós mesmos ou
deixar que as máquinas o fizessem por nós, a gloriosa tecnologia que garante
ser o facho de luz do mundo futuro. Somos como um homem que comprou uma
quantidade enorme de equipamento para acampar, que tem a canoa e a barraca, as
linhas de pescar e o machado, os fuzis, os lençóis e os cobertores mas que
agora, que todos os preparativos e providências estão empilhados, por mão de
perito, uns sobre os outros, sente-se de repente demasiado tímido para iniciar
a jornada e fica-se onde estava ontem e antes de ontem e antes e antes, olhando
com desconfiança, através das cortinas de renda branca, para o céu claro de que
se suspeita. Nossa grandiosa tecnologia é uma oportunidade, que Deus nos
enviou, para gozarmos da aventura e do progresso que temos medo de arriscar.
Nossas ideias e nossos ideais continuam sendo exatamente os mesmos, No mesmo
ponto em que os deixamos, três séculos atrás. Não, desculpe! Já ninguém mais se
sente seguro bastante para sequer afirma-los!
Esta foi uma digressão longa, partida de um tema
pequeno para um imenso, que eu não tinha intenção, originalmente, de fazer, por
isso voltemos ao que eu estava dizendo antes.
O que venho afirmando é uma simplificação extrema. Ninguém
escapa assim tão facilmente da sedução de uma maneira de viver sibarítica. Você
não pode arbitrariamente dizer a si mesmo, de um momento para o outro: agora
vou continuar minha vida corno ela era antes de esta coisa, o sucesso, me
acontecer. Mas logo que você apreender a vacuidade de uma vida sem lutas, você
estará equipado com os meios básicos de salvação. Logo que você souber que isto
é verdade, que o coração do ser humano, seu corpo e seu cérebro são forjados
numa fornalha de brasas vivas especificamente para o propósito do conflito, do
choque (a luta criadora), e que, uma vez desaparecendo esse conflito, o homem é
uma mera espadinha de criança, boa para cortar margaridas, que não é a privação
mas sim o luxo, o lobo mau, e que os dentes agudos do lobo são formados pelas
vaidadezinhas e indolências pequeninas que constituem o legado do Sucesso -
então, de posse desta certeza, você está pelo menos apto a saber onde reside o
verdadeiro perigo.
Você sabe, então, que o "alguém" público
que você é quando "tem um nome" é uma ficção criada por espelhos e
que o único alguém digno de você ser é o seu "eu" solitário, não
visto pelos demais, que existiu desde a sua primeira respiração e que é a soma
de todas as suas ações e, portanto, está sempre num estado de eterno devenir,
moldado pela sua própria vontade - sabendo essas coisas, você poderá sobreviver
até à catástrofe do Sucesso!
Nunca é tarde demais, a menos que você abrace a
deusa-cadela, a Fama, como William James a alcunhou, com os braços abertos e
ache em seus abraços sufocantes exatamente aquilo que o menininho inquieto
dentro de você, com saudades de casa, queria: proteção absoluta e uma vida sem
sacrifício e esforços de espécie alguma. A segurança é uma espécie de morte,
creio, e pode atingi-la numa enxurrada de cheques de direitos autorais, junto a
uma piscina em forma de rim em Beverly Hills ou em qualquer outro lugar que
esteja divorciado das condições que tornaram você um artista, se é isso que
você é ou foi ou quis ser. Pergunte a qualquer pessoa que já passou pelo tipo
de sucesso de que estou falando. Para que serve? Provavelmente para obter uma
resposta honesta, você terá que lhe dar uma injeção de soro da verdade, mas a
palavra que ele emitirá finalmente, com um gemido, não pode ser publicada em
publicações refinadas.
Então o que nos serve, afinal? O interesse
obsessivo pelas vicissitudes humanas, além de uma certa dose de compaixão e de
convicção moral, que pela primeira vez tornou a experiência de viver algo que
deve ser traduzido em pigmento, música, movimentos corpóreos ou poesia ou prosa
ou qualquer coisa dinâmica e expressiva... isso é que lhe será útil se é que
você tem objetivos sérios. William Saroyan escreveu uma grande peça sobre esse
tema, o de que a pureza de coração é o único sucesso que vale a pena termos.
"Durante sua vida - viva!" A vida é curta e não volta nunca mais. Ela
está fluindo furtivamente agora, enquanto eu escrevo isto e enquanto você me lê
e o pêndulo de relógio, ao oscilar, repete somente:
"Nunca-mais, nunca-mais, nunca-mais", a
menos que você se lance, de coração, em oposição a ele.
On A Streetcar Named Success
by
Tennessee Williams
(This essay appeared in The New York Times Drama Section, November 30, 1947 — four days before the New York opening of A Streetcar Named Desire.)
Sometime this month I will observe the third anniversary of the Chicago
opening of "The Glass Menagerie," and even which terminated one part
of my life and began another about as different in all external circumstances
as could be well imagined. I was snatched out of a virtual oblivion and thrust
into sudden prominence, and from the precarious tenancy of furnished rooms
about the country I was removed to a suite in a first-class Manhattan hotel. My
experience was not unique. Success has often come that abruptly into the lives
of Americans.
No, my experience was not exceptional, but neither was it quite
ordinary, and if you are willing to accept the somewhat eclectic proposition
that I had not been writing with such an experience in mind--and many people
are not willing to believe that a playwright is interested in anything but
popular success--there may be some point in comparing the two estates.
The sort of life which I had had previous to this popular success was
one that required endurance, a life of clawing and scratching along a sheer
surface and holding on tight with raw fingers to every inch of rock higher than
the one caught hold of before, but it was a good life because it was the sort
of life for which the human organism is created.
I was not aware of how much vital energy had gone into this struggle
until the struggle was removed. I was out on a level plateau with my arms still
thrashing and my lungs still grabbing at air that no longer resisted. This was
security at last.
I sat down and looked about me and was suddenly very depressed. I
thought to myself, this is just a period of adjustment. Tomorrow morning I will
wake up in this first-class hotel suite above the discreet hum of an East Side
boulevard and I will appreciate its elegance and luxuriate in its comforts and
know that I have arrived at our American plan of Olympus. Tomorrow morning when
I look at the green satin sofa I will fall in love with it. It is only
temporarily that the green satin looks like slime on stagnant water.
But in the morning the inoffensive little sofa looked more revolting
than the night before and I was already getting too fat for the $125 suit which
a fashionable acquaintance had selected for me. In the suite things began to
break accidentally. An arm came off the sofa. Cigarette burns appeared on the
polished surfaces of the furniture. Windows were left open and a rainstorm flooded
the suite. But the maid always put it straight and the patience of the
management was inexhaustible. Late parties could not offend them seriously.
Nothing short of a demolition bomb seemed to bother my neighbors.
I lived on room-service. But in this, too, there was a disenchantment.
Sometime between the moment when I ordered dinner over the 'phone and when it
was rolled into my living room like a corpse on a rubber-wheeled table, I lost
all interest in it. Once I ordered a sirloin steak and a chocolate sundae, but
everything was so cunningly disguised on the table that I mistook the chocolate
sauce for gravy and poured it over the sirloin steak. Of course all this was
the more trivial aspect of a spiritual dislocation that began to manifest
itself in far more disturbing ways. I soon found myself becoming indifferent to
people. A well of cynicism rose in me. Conversations all sounded like they had
been recorded years ago and were being played back on a turntable. Sincerity
and kindliness seemed to have gone out of my friends' voices. I suspected them
of hypocrisy. I stopped calling them, stopped seeing them. I was impatient of
what I took to be inane flattery.
I got so sick of hearing people say, "I loved your play!" that
I could not say thank you any more. I choked on the words and turned rudely
away from the usually sincere person. I no longer felt any pride in the play
itself but began to dislike it, probably because I felt too lifeless inside
ever to create another. I was walking around dead in my shoes, and I knew it
but there was no one I knew or trusted sufficiently, at that time, to take him
aside and tell him what was the matter.
This curious condition persisted about three months, till late spring,
when I decided to have another eye operation, mainly because of the excuse it
gave me to withdraw from the world behind a gauze mask. It was my fourth eye
operation, and perhaps I should explain that I had been afflicted for about
five years with a cataract on my left eye which required a series of needling
operations and finally an operation on the muscle of the eye. (The eye is still
in my head. So much for that.)
Well, the gauze mask served a purpose. While I was resting in the
hospital the friends whom I had neglected or affronted in one way or another
began to call on me and now that I was in pain and darkness, their voices
seemed to have changed, or rather that unpleasant mutation which I had
suspected earlier in the season had now disappeared and they sounded now as
they used to sound in the lamented days of my obscurity. Once more they were
sincere and kindly voices with the ring of truth in them.
When the gauze mask was removed I found myself in a readjusted world. I
checked out of the handsome suite at the first-class hotel, packed my papers
and a few incidental belongings and left for Mexico, and elemental country
where you can quickly forget the false dignities and conceits imposed by success,
a country where vagrants innocent as children curl up to sleep on pavements and
human voices especially when their language is not familiar to the ear, are
soft as birds'. My public self, that artifice of mirrors, did not exist here
and so my natural being was resumed.
Then, as a final act of restoration, I settled for a while at Chapala to
work on a play called "The Poker Night," which later became "A
Streetcar Named Desire." It is only in his work that an artist can find
reality and satisfaction, for the actual world is less intense than the world
of his invention and consequently his life, without recourse to violent
disorder, does not seem very substantial. The right condition for him is that
in which his work is not only convenient but unavoidable.
This is an over-simplification. One does not escape that easily from the
seductions of an effete way of life. You cannot arbitrarily say to yourself, I
will now continue my life as it was before this thing. Success happened to me.
But once you fully apprehend the vacuity of a life without struggle you are
equipped with the basic means of salvation. Once you know this is true, that
the heart of man, his body and his brain, are forged in a white-hot furnace for
the purpose of conflict (the struggle of creation) and that with the conflict
removed, the man is a sword cutting daisies, that not privation but luxury is
the wolf at the door and that the fangs of this wolf are all the little
vanities and conceits and laxities that Success is heir to--why, then with this
knowledge you are at least in a position of knowing where danger lies.
You know, then, that the public Somebody you are when you "have a
name" is a fiction created with mirrors and that the only somebody worth
being is the solitary and unseen you that existed from your first breath and
which is the sum of your actions and so is constantly in a state of becoming
under your own volition--and knowing these things, you can even survive the
catastrophe of Success!
It is never altogether too late, unless you embrace the Bitch Goddess,
as William James called her, with both arms and find in her smothering caresses
exactly what the homesick little boy in you always wanted, absolute protection
and utter effortlessness. Security is a kind of death, I think, and it can come
to you in a storm of royalty checks beside a kidney-shaped pool in Beverly Hills
or anywhere at all that is removed from the conditions that made you an artist,
if that's what you are or were intended to be. Ask anyone who has experienced
the kind of success I am talking about--What good is it? Perhaps to get an
honest answer you will have to give him a shot of truth-serum but the word he
will finally groan is unprintable in genteel publications.
Then what is good? The obsessive interest in human affairs, plus a
certain amount of compassion and moral conviction, that first made the
experience of living something that must be translated into pigment or music or
bodily movement or poetry or prose or anything that's dynamic and
expressive--that's what's good for you if you're at all serious in your aims.
William Saroyan wrote a great on this theme, that purity of heart is the one
success worth having. "In the time of your life--live!" That time is
short and it doesn't return again. It is slipping away while I write this and
while you read it, and the monosyllable of the clock is Loss, Loss, Loss unless
you devote your heart to its opposition.
*****
SERVIÇO:
Conheça três estudos sobre Tennessee
Williams, Eugene O’Neill e Jean-Claude van Itallie
de Maria Sílvia Betti (organizadora da edição de Rasga Coração)
Dramaturgia Comparada Estados Unidos /
Brasil: Três estudos
Autora: Maria Sílvia Betti
Editora: Cia. Fagulha
ISBN 13: 978-85-68844-03-8
Páginas: 360
Dramaturgia Comparada Estados Unidos / Brasil: Três
estudos – Maria Sílvia Betti
e-mail: editora@ciafagulha.com.br
WhatsApp: (11) 95119-8357
No comments:
Post a Comment