Professores,
avanços tecnológicos e taxa de sucesso.
Por Agenor Bevilacqua Sobrinho
Por Agenor Bevilacqua Sobrinho
Publicado originalmente em:
Taxa de sucesso e Taxa de insucesso.
Há um frisson
na internet com o vídeo da professora Amanda Gurgel.
Corajosa, ela denuncia as precariedades das
condições de trabalho e os salários aviltantes a que estão submetidos os
profissionais da educação.
Ela vocaliza aspirações amplas ao sintetizar
problemas, angústias e posições históricas do movimento dos trabalhadores na
área.
Há anos atuando em diversos graus de ensino, passei
por lousas pretas, cinzas, verdes etc. Respirei toneladas de pó de giz. Brancos
e coloridos.
Agora, escrevo numa lousa branca com pincel
atômico e utilizo recursos auxiliares como retroprojetor e datashow. Na instituição, prometem até mesmo lousa digital para
daqui a poucos meses. Devo conhecer e me atualizar sobre diferentes softwares. Recebo montanhas de trabalhos
adicionais por email, sobrecarregando
corpo e alma com tarefas e funções não computadas na minha remuneração. São os
avanços tecnológicos.
Ao ouvir o noticiário sobre escândalos os mais
diversos, me chamou a atenção para um deles em que se menciona o tráfico de
influência e a taxa de sucesso, um plus a ser recebido caso o negócio se
concretize e prospere além do imaginado.
As empresas de radares têm taxa de sucesso. Quanto mais multam, mais recebem. Dizem até que os
guardas de trânsito seriam obrigados a preencher dois blocos de infrações por
dia nos cruzamentos de avenidas das grandes cidades. Não sei.
Mas essa taxa
de sucesso me intriga. As cifras são milionárias, diferentemente das que
aparecem nos holerites, com apenas três algarismos, como a professora Amanda
evidencia. Três escolas. Tripla jornada para formar um salário menos
humilhante. E ainda cobram qualidade e responsabilizam os mestres pelos
descasos continuados dos governantes e administradores.
Pensando nos avanços tecnológicos, gostaria de
ver incorporada a tal taxa de sucesso na
área educacional. A implementação seria muito simples.
O aluno obtém vaga nas melhores faculdades. Trabalha
numa grande empresa e recebe um salário digno. O rapaz se revela um exímio
piloto e conquista cifras polpudas. O jovem se forma engenheiro e é requisitado
em tudo quanto é obra, pois o Brasil saiu da estagnação e cresce sem parar. O
advogado tem multiplicação de demandas e seus honorários se multiplicam.
Pronto! É só aplicar a taxa de sucesso e teremos um pagamento
decente para os docentes. Alforria dos três dígitos. E nunca mais seremos
importunados com discursos enfadonhos e irritantes pedindo aos educadores para
terem “paciência, porque um dia as coisas se resolvem”.
Imagino que prefeitos e governadores tendem a
rejeitar minha ideia, assim como os professores reprovam os salários pagos por
aqueles.
Para ser realista, entendo que a taxa de sucesso é privativa dos que
traficam influência e outras coisas.
Até quando aceitaremos engolir a taxa de insucesso que eles nos reservam?
Conheça também:
Autor: Agenor Bevilacqua Sobrinho
Editora: Cia. Fagulha
ISBN 13:
978-85-68844-02-1
Páginas: 104
e-mail: atendimento@ciafagulha.com.br
WhatsApp: (11) 95119-8357
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