Psicanálise e Poder: a leitura de Freud do Moisés de Michelangelo. Por Agenor Bevilacqua Sobrinho


Psicanálise e Poder: a leitura de Freud do Moisés de Michelangelo.
Por Agenor Bevilacqua Sobrinho


Orcid: orcid.org/0000-0003-4528-8776

Publicado anteriormente em: Caderno de Psicologia da UniABC, Santo André, Ano IV, n. 32, p. 9-29, 2002.



NOTA PRELIMINAR, de Maria Sílvia Betti: 

Este texto foi reelaborado a partir de um artigo acadêmico anterior, publicado em 2002 na Revista UniABC - Humanas, publicação da UniABC. Essa Universidade depois ficou sob o controle administrativo do grupo Anhanguera, que em 2013 fundiu-se à rede Kroton, criando assim a maior companhia de educação do mundo. 

Demissões em massa dos professores da UniABC vinham sendo realizadas desde 2010, e a fusão com a Kroton deu prosseguimento acelerado a essas megademissões, numa demonstração cabal da prevalência da lógica empresarial predatória e precarizante em relação ao ensino e ao trabalho docente.

A publicação dele no blog da Editora Cia. Fagulha tem a finalidade de alertar os leitores sobre a necessidade da articulação de uma luta continuada e intensa pela defesa da educação e do trabalho formativo exercido pelos professores em todos os seus níveis.


Psicanálise e Poder: a leitura de Freud do Moisés de Michelangelo.

Por Agenor Bevilacqua Sobrinho [*]




MICHELANGELO. Moisés. c. 1513-1515 [1].

Mármore; alt. 2,35 m. S. Pietro in Vincoli, Roma.


Resumo

Neste trabalho fazemos uma análise dos problemas e discussões suscitados por Freud na sua leitura do Moisés de Michelangelo.
Palavras-chave: Freud, Michelangelo, Moisés, Moisés de Michelangelo

Abstract

In this work we make an analysis of the problems and discussions raised by Freud in his interpretation of Moses by Michelangelo.
Keywords: Freud, Michelangelo, Moses, Michelangelo’s Moses.


1.         Introdução
Neste trabalho fazemos uma análise dos problemas e discussões suscitados por Freud na sua leitura do Moisés de Michelangelo. Inicialmente apresentamos breve biografia de Michelangelo e, resumidamente, cinco pontos de vista acerca de Moisés, a saber: primeiro e segundo - duas obras cinematográficas (Moisés e Os dez mandamentos); terceiro - o Moisés bíblico; e quarto e quinto - duas esculturas (Estatueta de Moisés, atribuída a Nicolas de Verdun e o Poço de Moisés, de Claus Sluter). Em seguida, na conclusão, realizamos uma reflexão sobre o poder e sobre a autoridade.

2.         Michelangelo Buonarotti
Michelangelo Buonarotti, arquiteto, escultor, pintor e poeta, nasceu em Caprese, em 1475, e faleceu em Roma em 1564, aos 89 anos. Discípulo de Ghirlandaio e influenciado por Donatello e pela cultura clássica, seus trabalhos expressam vigor e energia ímpares.
Em certo sentido, sua obra rivaliza com aquela atribuída a Deus, pois seus esforços lembram a “criação”: ao estabelecer uma luta com a matéria da qual quer liberar a figura refém do mármore, prevê sua existência encarcerada no bloco em bruto. Dizia ele: “...eu só retiro as sobras, a estátua já está lá”. Uma vez que a estátua está contida na pedra, podemos perceber que a criação artística tem por objetivo libertar o que permanece impedido, tolhido e dar-lhe expressão.
Moisés figura entre suas obras mais importantes. Mas por que esta figura para decorar o túmulo de Júlio II?
Há um vínculo entre o caráter do papa e as relações dele com Michelangelo. São personalidades que desejavam realizar obras cuja grandeza ultrapassam séculos. Talvez Michelangelo também tenha querido despertar em suas explosões temperamentais Moisés, mas controlou-se.
A elaboração do Moisés foi demorada, porque o papa interrompeu o trabalho do artista na fase inicial do projeto do sepulcro para que Michelangelo fosse decorar a fresco o teto da Capela Sistina; e o fez relutando em abandonar sua obra recém-iniciada, e, é claro, diante da força e da adulação papal acabou por se render.
Por que a figura de Moisés de Michelangelo é analisada por Freud?
Quiçá pelo paralelo biográfico de Freud com a figura do pai e de seus traidores. A importância de Moisés na obra freudiana é impressionante, chegando a finalizá-la com Moisés e o monoteísmo.
Freud também se aproxima de Michelangelo pelo fato de que ambos têm seus trabalhos transitando entre o abandono pela hesitação e a obstinação em decifrar enigmas, o que lhes permitem concluir suas obras.

3.         Duas representações cinematográficas
O Moisés [2], desempenhado por Burt Lancaster, embora seja forte [3], apresenta, desde o início do filme, um rosto tranquilo e sereno, transfigurado em algum instante anterior ao qual o espectador não teve acesso; porque grande período de sua vida foi omitido, e já o encontramos com a feição de um indivíduo maravilhado. Serve-se de seu irmão, Aarão, como porta-voz para informar ao faraó os desígnios de Deus, uma vez que Moisés declara-se homem “sem eloquência” (Êxodo. 4:10).
No filme, Deus adverte: — “E eu os atormentei com insatisfação, para que somente em mim eles se encontrassem”. Ou seja, o tributo para a paz de espírito é o penar, que atormenta, enviado pelo Senhor para nos testar.
O resumo do filme nos conta que “Moisés, recém-nascido, escapa do Édito que proclama a morte de todos os meninos hebreus e é criado na Corte egípcia pela princesa. Depois, Moisés volta à vida simples, enfrenta o faraó, prevê as dez pragas, lidera o êxodo, recebe os dez mandamentos e conduz seu povo à Terra Prometida.” Um herói!
Por outro lado, o Moisés de Cecil B. DeMille [4] é ainda mais robusto fisicamente; é construída a imagem do rebelde portador da força divina para livrar seu povo.
Antes de cair em desgraça e ser perseguido, é o guerreiro que adquire constantemente novos territórios para o Egito, e por isso, rivaliza com o irmão (Yul Brynner), filho do faraó, na conquista do trono.
A partir de seu primeiro “encontro com Deus”, seu rosto é transfigurado e as marcas do tempo se acentuam em seus cabelos e barbas grisalhos velozmente.
Através de um narrador, presente em cena, somos informados de que a Bíblia omite 30 anos da vida de Moisés, mas que o filme tenta recompô-los. O resumo conta apenas do “bebê de três meses de idade, achado no Nilo por Bithiah, a filha do faraó, e adotado na Corte; porém, caiu em desgraça quando descobriu que era hebreu e matou um egípcio”. Acrescenta o narrador que o “tema do filme é se o homem deve ser governado por leis divinas, ou pelos desmandos de um ditador como Ramsés. É o homem propriedade do Estado? Ou são almas livres sob as leis de Deus? Semelhante batalha continua até hoje” (Grifo nosso). Aqui temos uma “pérola” da Guerra Fria.
Essa história de três mil anos, escrita nos 5 livros atribuídos a Moisés e “divinamente inspirada”, é esclarecedora para nosso objetivo. Quem é o Moisés bíblico e em que se difere do encontrado por Freud, na estátua de Michelangelo?

4.         O Moisés bíblico
Diz o Êxodo, livro do Pentateuco [5], que os egípcios escravizaram os filhos de Israel e os lamentos deste povo subiram aos céus, e Deus, contrafeito, lançou sobre os egípcios, no humilde casebre de Anrão e Joquebede, a semente do homem que seria o portador dos Dez Mandamentos e levantar-se-ia contra a tirania do império. Portanto o Êxodo é o livro da redenção dos israelitas oprimidos do Egito.
Por precaução, o imperador Ramsés I lança um édito no qual estabelece que todo recém-nascido hebreu do sexo masculino deve morrer. Mas aquele que viria a ser a salvação do povo hebreu escapa por um estratagema: viaja na cesta flutuante onde é encontrado pela princesa, criado por uma mãe hebreia e adotado pela princesa quando menino já grande (Êxodo. 2:1-10). As águas representam aqui o primeiro artifício pelo qual o “herói” Moisés, “o retirado das águas”, está condenado a ser um instrumento de Deus. Depois, Moisés se envolve em uma altercação e mata um egípcio que feriu um varão hebreu e foi obrigado a exilar-se (2:11-15).
Deus fala a Moisés e promete-lhe livrar os israelitas, o povo eleito, do jugo egípcio (3:7-10); como o novo faraó tem o coração obstinado e não cede, o Deus irascível manda toda sorte de pragas aos egípcios: das águas tornando-se sangue, das rãs, dos piolhos, das moscas, da peste nos animais, da saraiva, dos gafanhotos, das trevas, da morte dos primogênitos, do mar que engole os exércitos.
É preciso ressaltar que é Deus quem faz o coração do faraó ser obstinado para Seu marketing pessoal: — “Mas deveras para isto te mantive, para mostrar o meu poder em ti, e para que o meu nome seja anunciado em toda a Terra” (9:16).
Deus manda: — “...guie o povo pelo caminho, e anuncia a ruína dos egípcios...” (14:26). Assim, os israelitas têm a passagem pelo meio do mar aberta enquanto os egípcios perecem.
O Senhor dita os mandamentos de caráter moral (20:1-26); as ordenanças de caráter social (21:1 — 24:11); e os regulamentos de caráter religioso (24:12 — 31:18). E dá a Moisés as duas Tábuas do testamento de pedra, escritas com o dedo de Deus (31:18).
A infração da lei, o culto ao bezerro de ouro, provoca a ira de Deus; Moisés suplica clemência para o seu povo e “então o Senhor arrependeu-se do mal que dissera que havia de fazer ao seu povo” (pela interferência de Moisés, que intercede por seu povo, Deus, agora não mais irascível, mas submisso, muda de ideia. Para quem não era tão eloquente, nada mal.)
Porém, Moisés, ao contemplar a transgressão, ficou furioso e “arremessou as Tábuas de suas mãos, e quebrou-as ao pé do monte (32-19). Como castigo, Moisés manda matar, em nome do Senhor, os idólatras: “e caíram do povo aquele dia uns três mil anos” (32-28). O povo é obstinado!, mas Deus, zeloso. E do alto de sua misericórdia, concede novas Tábuas dos Dez Mandamentos (34-1), nas quais Ele estabelece um pacto com os homens. Moisés, portanto, dando vazão a sua ira, encontra um Deus obsequioso, pronto a esculpir novas pedras da lei quando necessário. Há de se notar, ainda, que os encontros com Deus têm caráter privado: “E ninguém suba contigo, e também ninguém apareça em todo monte” (34:3).

5.         Duas esculturas
A estatueta de Moisés (de 1180), atribuída a Nicolas de Verdun, retrata um ancião irado que aperta suas madeixas. Nada do vigor físico do Moisés de Michelangelo.
Por outro lado, em o Poço de Moisés (1395-1406, Cartucha de Champmol, Dijon), de Claus Sluter, embora o artista tenha erigido uma figura de 1,83 cm, a expressão do velho Moisés guarda mais uma textura de penar e não lembra a força e a robustez do idoso retratado por Michelangelo.

[À esquerda, detalhe] 
CLAUS SLUTER. O Poço de Moisés. 1395-1406 [6].
Alt. das figuras. c. 1,83 m. Cartucha de Champmol, Dijon.


Acrescente-se, ainda, que a mão direita de Moisés, na obra de Sluter, sustenta as Tábuas da Lei em apenas uma das bandas [7], no seu lado superior. Não há displicência neste ato, mas quase uma desistência da crença na eficácia de uma arma que Moisés supunha poderosíssima (suas Tábuas) diante daquele povo ímpio, obstinado em adorar o bezerro de ouro e demonstrando-se indômito. Daí o ato de fúria de arremessar as pedras [8] e o recurso da reedição das Tábuas pelo escultor divino, o qual mantém seu atelier no Monte Sinai de prontidão para convencer os incrédulos dos poderes de Moisés; o que nos assinala um líder político arguto, ladino e afinado com o que hoje chamaríamos de realismo político.

6.         A análise de Freud
Além de haver hesitado, por um bom tempo, em publicar Moisés de Michelangelo, quando o fez, Freud apresentou-se anonimamente [9], existindo um intervalo de dez anos entre sua primeira aparição (1914) e a revelação da identidade de seu autor (1924). Era para ele uma obsessão: visitou várias vezes a estátua, e, ainda, mandava lembranças a “Moisés” através daqueles que viajavam a Roma (GAY, Peter, 1989, p. 293).
   


Desenho do ensaio de
Freud sobre Moisés [10].

Notamos, logo no primeiro parágrafo do texto, um pedido de indulgência de Freud a seus leitores, uma vez que ele não é um especialista em arte, mas “simplesmente um leigo” (FREUD, 1976, p. 253). Pretensa humildade, pois somos informados logo adiante (Ibidem, p. 254) que a interpretação para se descobrir a intenção do artista foi franqueada com o instrumental da psicanálise.
Freud adorava decifrar enigmas e atormentava-se quando não conseguia fazê-lo (GAY, Peter. Op. cit., p. 292). É preciso, segundo ele, compreender o efeito produzido pelas obras de arte que intriga o observador; aduzindo que, ao não apreendê-lo, sucede o desprazer. Por isso, o tema da obra é mais atraente, embora aos artistas as propriedades formais muitas vezes chamem mais a atenção.



[À esquerda] Túmulo do papa Júlio II [11],
do qual a estátua de Moisés é fragmento. c. 1512-1516.
    
[À direita, detalhe] MICHELANGELO. Moisés. c. 1513-1515.

A obra cujo significado e conteúdo será objeto de análise é a estátua sedestre de Moisés (altura de 2,35 m), situada na Igreja de San Pietro in Vincoli, em Roma. Ela é fragmento e guardiã, entre outras, do túmulo do papa Júlio II, e estima-se ter sido construída entre 1512 e 1516.
Freud relata a dificuldade de acesso (“os íngremes degraus”), e que é necessário aturar “o desgracioso Corso Cavour” para poder, finalmente — a Terra Prometida (!) —, “suportar o irado desprezo do olhar do herói”; e, às vezes, Freud identificava-se à turba alienada, objeto de censura do olhar de Moisés (FREUD. Op. cit., p. 255). Ora, isto faz parte do trabalho do intérprete ou ele também se considerava, em alguma instância, um infiel?
Moisés, o Legislador dos Judeus, segurando as Tábuas dos Dez Mandamentos, lá está representado. Todavia, a crítica de arte em relação a este trabalho não é consensual e até mesmo a contradição parece condensar a maior parte das opiniões, uma vez que ele é julgado de formas as mais díspares possíveis; o que explica a preocupação freudiana em fazer um inventário completo das outras leituras por que passou a obra de Michelangelo.
A descrição:
O Moisés de Michelangelo é representado sentado; o corpo volta-se para frente, a cabeça com a pujante barba olha para a esquerda, o pé direito repousa sobre o solo e a perna esquerda acha-se levantada de maneira que apenas os artelhos tocam o chão. O braço direito une as Tábuas da Lei a uma parte da barba e o esquerdo repousa sobre o colo (Ibid., 1976, p. 256).
  A expressão facial de Moisés nas palavras de Thode, citado por Freud é:
...uma mescla de ira, dor e desprezo (...) ira em suas sobrancelhas ameaçadoramente contraídas, dor no olhar e desprezo no lábio inferior saliente e nos cantos da boca, voltados para baixo (Ibid., p. 257).

  

MICHELANGELO. Moisés.
Detalhe [12].
c. 1513-1515.

Os cornos míticos ostentados na fronte “representam a luz radiante que veio ao rosto de Moisés após ver Deus” (GAY, Peter. Op. cit., 293). A tensão psíquica é tão grande que levou muitos a pensarem que a moldura canhestra não conseguiria enquadrar tanto vigor. Mas, afinal, o que está sendo retratado? Qual a intenção do artista e por que ele construiu tal obra?
A tranquilidade está por um fio, aí vem a tensão? Moisés está por levantar-se ou reprimiu este desejo? A tensão nas pernas, os artelhos arqueados, indicam o início ou o final de uma ação?
O Moisés de Michelangelo é a figura do legislador ou do colérico personagem bíblico que quebra as Tábuas recebidas “de Deus”?
Nos diz o texto bíblico que Moisés traz as Tábuas e se decepciona ao perceber que o povo adorava o Bezerro de Ouro e, portanto, argumentam alguns, o momento retratado é o que precede a explosão de ira, destruindo as Tábuas no chão e vingando-se do povo infiel (não por sua vontade, mas por desígnio de Jeová).
No entanto, Freud pondera que a estátua de Moisés, participante do conjunto de outras que estão recostadas, quase deitadas na parte superior do túmulo, tem também efeito decorativo e seria incômodo, estranho e desarmônico que o artista mostrasse um dos integrantes prestes a abandonar seu posto de guarda, deixando seus companheiros; porém, com isso, ressaltou-se, sim, a força de sua individualidade: um ancião forte, robusto, que traz as Leis com estatuto divino.
Por outro lado, Michelangelo representa Giuliano de Medici sentado em repouso em sua Capela, e o pé esquerdo também aparenta a menção de movimento encontrada em Moisés.
  


MICHELANGELO. Túmulo de Giuliano de Medici [13].
c. 1524-34. Mármore; alt. da figura central 1,80 m.
Sacristia Nova, San Lorenzo, Florença.

Moisés segura as Tábuas com firmeza, diz Freud, pois são objetos sagrados, e seus movimentos estão na realidade confinados ao domínio da representação artística do movimento e da interpretação, uma vez que o mármore prende Moisés firmemente, de maneira mais poderosa do que, diríamos nós, uma fotografia faria a um outro ser representado nela; se a cólera é percebida, ela é também encarcerada.
Um estudo do caráter: um líder a quem cabe trazer os desígnios de Deus à turba inconstante e alienada. Ira, desprezo e sofrimento: como trazer a Lei ao mais completo desregramento?
Não estamos diante do Moisés histórico, mas de um tipo de caráter enérgico contra uma exterioridade hostil, que ele quer controlar.
É necessário, afirma Freud, diante do enigma observarmos os detalhes considerados de menor importância, os quais poderão tornar-se chaves de análise e compreensão. E aí temos uma advertência: verificar o não importante, o detalhe. Como, por exemplo, a posição da mão direita e a das duas Tábuas da Lei serão alvo de sua atenção.
  

MICHELANGELO. Moisés. Detalhe [14].
c. 1513-1515.

A curva da barba, diz Freud, está sinalizando a anterior trajetória da mão direita, reflexo da indignação de Moisés para com o povo ímpio; ele abandona sua calmaria diante da percepção dos transgressores que adoravam o Bezerro de Ouro, e volta contra si sua indignação ao agarrar firmemente a barba para conter sua cólera; aí, levanta o pé esquerdo anunciando um movimento. Todavia sua mão direita voltará a abrir-se em virtude de outro fator: as Tábuas, que eram carregadas por Moisés de forma invertida, devido à saliência que dá apoio a seu portador, são abandonadas em sua fúria e, no momento do perigo, são capturadas pela pressão do braço junto ao corpo; porém, sendo insuficiente, esse gesto depende do retorno da mão direita que deixa escapar a barba, sem desvencilhar-se dela em seu todo, retendo a borda superior das Tábuas de seu impulso anterior, evitando, assim, despedaçá-las.
Desse modo, o registro não é de um momento particular da vida do profeta. Moisés é guardião do túmulo e sentinela das pedras sagradas. Observamos a ação suspensa, e não uma ação violenta por se iniciar.
Em seu primeiro transporte de fúria, Moisés desejou agir, levantar-se, vingar-se e esquecer as tábuas; mas dominou a tentação e permanecera sentado e quieto, com sua ira congelada e seu sofrimento mesclado de desprezo. (...) foi para preservá-las (as tábuas) que manteve contida sua paixão (FREUD, 1976, p. 272).
A lembrança de sua missão o impediu de expressar seus sentimentos. Assim temos “não o prelúdio de uma ação violenta, mas os resquícios de um movimento encerrado”. Vemos “a passagem de uma violenta rajada de paixão através de sinais deixados por ela na calma que se seguiu”. Portanto, estamos diante de um Moisés artístico e não o da Bíblia.
Nesta, o Êxodo é eivado de contradições, incongruências, como bem observa Freud (Ibid., p. 274).
O povo corrompendo-se (Êxodo. 32:7), afasta-se dos caminhos estipulados por Deus (32:8), que não quer concorrência (o Bezerro de Ouro = outros ídolos) (32:10), ou seja, o monoteísmo deseja o único chefe e não as dissensões das tribos.
Mas o Senhor “arrepende-se” do mal que dissera que faria a seu povo (32:14) (nacionalista!), sendo adiado o castigo (32:34).
Ao artista é dada a licença poética: Freud nos diz que Moisés tem seu caráter alterado por Michelangelo; enquanto o bíblico era impetuoso e sujeito a crises de paixão (que o fez matar um egípcio e quebrar as Tábuas da Lei), a criação do artista não permite que Moisés quebre as Tábuas, apercebendo-se das consequências funestas de tal ato (um mundo sem regras).
Acrescenta Freud que há
algo de novo e mais humano junto à figura de Moisés; de modo que a estrutura gigantesca, com a sua tremenda força física, torna-se apenas uma expressão concreta da mais alta realização mental que é possível a um homem, ou seja, combater com êxito uma paixão interior pelo amor de uma causa a que se devotou (FREUD. Op. cit., p. 275). 
Freud, porém, omite o artifício mosaico da duplicata das Tábuas: de autoridade, monoteísmo, monoobediência.
Seria humana a repressão? “Humana, demasiada humana”, diria Nietzsche.
As circunstâncias da escrita do texto são contemporâneas do distanciamento entre as ideias de Freud e as de Jung.
E podemos entender que a leitura de Freud sobre a estátua de Moisés funciona como uma identificação projetiva, pois o legislador conseguiu a vitória sobre suas paixões, e Freud queria o mesmo; porém, como ele não era o “seu” Moisés de Michelangelo, desejava eliminar seus traidores.
Destarte, era na luta por autodisciplina e na coerção de seus ímpetos especulativos, que observava a necessidade de controlar sua fúria interior. Neste sentido, o estudo é um ato sublimatório, no qual o mecanismo da produção intelectual aliviava-o de suas tensões crescentes em relação a “seu” povo infiel.
Freud gostaria de ser o estadista controlado de Michelangelo, mas talvez, internamente, pulsava-lhe a veia do impulsivo líder religioso [15].
Por outro lado, a figura do pai e da religião encontram, também, suas expressões requisitando da turba as regulações morais da renúncia e abnegação; a internalização da regra como pacto social de convivência que instaura a cultura.

7.        Psicanálise e poder
De nosso ponto de vista, Moisés aparece como um líder político cuja identidade com Deus tem por objetivo domar aquele povo rebelde que escapa do jugo egípcio através da ira divina (e há aí um ingrediente de sabotagem contra o Estado egípcio, revestido do belo nome de “pragas divinas”).
Para debelar as frequentes revoltas, é preciso pulso, energia, repressão, assassinatos...; o crime que pôs fim à horda primitiva e instaura a cultura não poderia ser substituído pela força argumentativa.
O grande homem é um substituto do pai. (...) a massa, para exprimir-nos assim, tem para com o grande homem a mesma relação que frente ao pai primitivo: admiração que beira o fascínio, desejo masoquista de submissão, sede de autoridade; mas também é capaz de inverter a situação e de denegrir, maltratar e assassinar a personagem a quem atribui liderança (MEZAN. Op. cit., 501).
E aqui se manifesta a hostilidade frente à coerção pulsional.
O povo infantilizado poderia agir de outra forma? Quem recebe a chancela, o carimbo da autoridade, permanece livre? Por que estranhar, então, que o indivíduo que renunciou a seus impulsos pulsionais queira, agora, a máxima proteção? Ele não fez isso exatamente para haver a convivência social? Moisés relata que leva seu povo por caminhos de provas e dificuldades, ao final do qual encontrarão a Terra Prometida: caso esta promessa apareça sempre como miragem, ficção, por que a surpresa se a turba quiser degolar seu pai — seja ele quem for?
Notamos, de outra parte, que a preocupação pela falta de regras é demasiada, já que o ato de fundação da cultura está garantido pela reposição constante das pedras “sempre sagradas”.
Entretanto, se o mundo exterior é fonte de perigo (FREUD, 1979, p. 73), a religião surge como sistema de doutrinas e promessas que explica os enigmas deste mundo e que garante a existência de alguém que zela por nós, e nos pagará pelos sofrimentos vividos aqui na Terra (Ibid., p. 74).
Já a Igreja Universal, percebendo a deficiência da promessa em um mundo melhor no pós-vida, recruta seus seguidores através da (pretensa) ideia de recompensa “aqui e agora”.
Apesar disso, o princípio do prazer nos impele a escapar da infelicidade, pois:
A vida, tal como nos é imposta, é dura demais para nós; nos traz muitas dores, decepções, tarefas insolúveis. Para suportá-la, não podemos prescindir de analgésicos. Existem, talvez, de três categorias: as distrações poderosas, que atenuam nossa miséria; satisfações substitutivas, que a reduzem; e entorpecentes que nos tornam insensíveis a elas (Ibid., p. 75).
Dada a infelicidade, o corolário é o ódio à civilização; uma vez que o desejo é impotente, se frustra continuamente, às vezes, ouvimos: “não posso desejar que não adianta!”
Mas, indagamos, de qual magnitude é a renúncia pulsional?
No capitalismo, como bem frisou Hélio Pellegrino (PELLEGRINO, 1987, p. 200), “a intensidade da repressão existe não apenas em função das exigências do processo civilizatório, mas da injustiça social, que é preciso garantir — e manter — pela força”.
As paixões humanas (originárias de Eros, pulsão de vida e de Thanatos, de morte) são submetidas em função do pacto civilizatório, através do qual a convivência social, para existir, exige a repressão da agressividade, a domesticação e a internalização constante de normas (superego cultural) e regras que enquadrem o sujeito.
Mas, se “o desejo não encontra satisfação definitiva e não para de renascer de suas satisfações efêmeras” (KEHL, 1988, p. 474), como suportar a incessante desprazer causado pelas normas regulatórias? Estas, em última instância, são veículos de interdição e coerção reiterados das pulsões. As overdoses de repressão a que são submetidos os mais miseráveis indica a necessidade do poder em não apenas amestrar os indivíduos, mas humilhá-los.
‘Na verdade’, dirá Freud, ‘a agressividade é uma fonte de prazer a que, como os outros prazeres, os seres humanos relutam em renunciar após tê-lo experimentado.’  ‘Não se sentem bem sem ela’, diria Freud (GAY, P. Op. cit., p. 498).
Porém, Freud argumenta (GAY, P. Loc. cit.) que a “agressão não foi criada pela propriedade”, e, portanto, não iria ser eliminada com sua abolição.
Ora, se a propriedade não é mãe da agressividade, o inverso é verdadeiro, ou seja, a propriedade é produto da agressão, da violência, da exclusão.
Recordemos Rousseau:
Se ‘o homem nasce livre, e por toda parte encontra-se a ferros’ [16], isto se explica porque ‘o verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer isto é meu e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo. Quantos crimes, guerras e assassínios, misérias e horrores não pouparia ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes’: ‘Defendei-vos de ouvir esse impostor; estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não pertence a ninguém!’ [17]
E, caso Freud esteja correto ao afirmar que “o combate entre Eros e a Morte, a pulsão de vida e a pulsão de destruição, é o conteúdo essencial da vida como tal, e portanto deve-se descrever a evolução cultural, em suma, como a luta vital da espécie humana” (Apud GAY, P. Op. cit., p. 499), não estaria a cultura disponível para amortizar a pulsão de destruição e, por outro lado, oferecer pretensas substituições para satisfazer a pulsão de vida? E a estratégia seria criar sentidos ilusórios para a existência, impregná-la de razão, dado que os instintos devem contentar-se com a satisfação virtual. Daí, então, a sobrerrepressão — mencionada por Marcuse — na sociedade capitalista, cuja selvageria encontra no Brasil seu momento de paroxismo. Neste país, o pacto é realizado com patos, onde prevalece o toma lá, sem o dá cá (PELLEGRINO, 1987, p. 202), o que pode fazer cair por terra, através da ruptura do outro lado, tanto o pacto social como o primordial (Ibid., p. 203).

8.        Conclusão
Há limites para tanta degradação social? Não sabemos. Porém, cabe-nos indagar: se “a sublimação criou a cultura, e esta não passa de um subproduto da infelicidade humana” (KEHL, op. cit., p. 483), o que podemos fazer? Devemos jogar a criança fora com a água suja do banho? Ou perceber que a inteligência, “fruto da luta entre a onipotência dos desejos e os limites da realidade” (Ibid., 1988), pode engendrar uma existência sem tantos limites, onde os movimentos dos corpos e mentes não sejam objeto da circunscrição dos interditos, e na qual a psicanálise [18] apareça não como código disciplinar, mas como uma ética emancipatória sem códigos.
Caso uma vertente da psicanálise permaneça míope para o problema da luta de classes, e da sobrerrepressão intrínseca nestas sociedades [19] continuaremos num mundo que “tal como está, não serve”, como dizia Hélio Pellegrino (PELLEGRINO, apud KEHL, 1988, p. 473).
Como o mundo continua sem alteração, verificamos que a
Sociopatia e delinquência são faces de uma só moeda (...) É preciso mudar o modelo econômico e social brasileiro, por uma questão de higiene mental, moral e política. Por uma questão de vergonha (PELLEGRINO, 1987, p. 203).
Clamor sempre atual na sociedade brasileira. Do contrário, seremos constantemente vítimas da história dos vencedores e de seus discursos [20]. Se perguntarmos para o opressor se ele se sente culpado, obteremos uma resposta como a exemplificada numa cena que criamos:

NAZISTA: Eu? Faço tudo para o bem da humanidade. Sou feliz cumprindo o meu dever, porque o progresso tem como razão a violência:
NARRADOR EM “OFF”: O progresso como razão e violência. Ou a história dos vencedores ou da servidão.
APARECE O LETREIRO COM A INSCRIÇÃO:
(FALA EMPREENDIDA ANTES DA TOMADA DO PODER).
NAZISTA:
Onde olhas favelas, verás jardins
Pobres e esfarrapados, crianças sadias
Rugas e velhice, juventude e beleza
Ovelhas desgarradas, estudiosos
Grande bagunça, ordem impecável
Rios imundos, água cristalina
Encalhes de produtos, vendas mil...
Sarampo e outras epidemias, a panaceia
Soluços e gemidos, alegria e contentamento                                                    
Ócio, trabalho.

Construiremos o futuro
O progresso para todos
Muitos benefícios
Orgulho nacional.

DESCE O LETREIRO COM A INSCRIÇÃO:
(AÇÃO EMPREENDIDA DEPOIS DA TOMADA DO PODER)
Respeita o teu senhor!
Apaixona-te pelo que faz, mesmo que a contragosto
Zanzar em hora de serviço, jamais!
Anões desqualificados, não de acordo com a estética
Oh! Nosso país de homens perfeitos!

E sempre a postos para responder:

Venho cumprir as determinações
Irei obedecer-lhe cegamente (obede-servos, ser-te)
O senhor é o meu comando
Liberdade é segui-lo
Em circunstâncias quaisquer,
Nós estaremos aqui para defendê-lo
Caminhamos sob sua luz
Imploramos a sua compreensão
Amamos o seu progresso. Ele é nosso também. [Poema de minha autoria.]


BIBLIOGRAFIA


Bíblia Sagrada. Êxodo, p. 71-124. Trad. João Ferreira de Almeida. Sociedade Bíblica do Brasil & Editora Vida. 1984.
CHÂTELET, Albert & GROSLIER, Bernard Philippe. História da Arte. Portugal: Ed. Américo Fraga Lamares & Cia., Ltda., 1991.
FREUD, Sigmund. El malestar en la cultura. In: Obras completas, vol. 21 (1927-31), pp. 59-139. Buenos Aires: Amorrutu Editores, mayo 1979.
_______. O Moisés de Michelangelo (1914). In: Obras completas, vol. XIII. RJ: Imago, 1976.
GAY, Peter. Freud. Uma vida para o nosso tempo. SP: Companhia das Letras, 1989.
JANSON, H. W. História da arte. SP: Martins Fontes, 5 ed., 1982.
KEHL, Maria Rita. A psicanálise e o domínio das paixões. p. 469-496. In: Os sentidos da paixão. CARDOSO, Sérgio et alii. SP: Funarte e Companhia das Letras, 1988.
LETTS, Rosa Maria. O renascimento In: Introdução à História da arte da Universidade de Cambridge. RJ: Zahar Editores, 1984.
MEZAN, Renato. Freud. Pensador da cultura. SP: Brasiliense, 4ª ed., 1986.
PELLEGRINO, Hélio. Pacto edípico e pacto social. p. 195-205. In: Grupo sobre grupo.  Org. Luís Alberto Py. RJ: Rocco, 1987.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social.  SP: Abril Cultural, 2ª ed., 1978.
_______. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. SP: Abril Cultural, 2 ed., 1978.
WÖLFFLIN, Heinrich. A arte clássica. SP: Martins Fontes, 1990.
WOODFORD, Susan. A arte de ver a arte. In: Introdução à História da arte da Universidade de Cambridge. RJ: Zahar Editores, 1983.


OUTROS (filmes)

SOBRE MICHELANGELO
Agonia e êxtase. 1965. Elenco: Charlton Heston, Rex Harrison. Direção: Carol Reed.

SOBRE MOISÉS
Moisés. 1989, 141 minutos. Filme dirigido por Gianfranco de Bosio.
Os dez mandamentos. 1956, 3h39m. Filme dirigido por Cecil B. DeMille.

FONTES DAS ILUSTRAÇÕES
Disponível em:

____________________________

Notas
[*] Agenor Bevilacqua Sobrinho é doutor em Artes Cênicas pelo CAC/ECA-USP e Mestre em Artes pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (IA-UNESP). É pesquisador do Grupo de Pesquisa Estudos histórico-críticos e dialéticos de teatro estadunidense e brasileiro (CNPq). Editor, dramaturgo e escritor, é autor de Atualidade/utilidade do trabalho de Brecht. Uma abordagem a partir do estudo de quatro personagens femininasA LenteA Guerra de YuanO Rato Pensador (todos pela Editora Cia. Fagulhawww.ciafagulha.com.br) e de vários artigos publicados em revistas especializadas. 

[2] Moisés, 1989, 141 minutos. Dirigido por Gianfranco de Bosio e produzido por Vicenzo Labella. Elenco: Burt Lancaster, Anthony Quayle, Ingrid Thulin, Irene Papas, Laurent Terzieff e outros.
[3] É da tradição iconográfica personalidades históricas marcantes serem demarcadas com atributos físicos de vigor e força, e Michelangelo faz o mesmo com Moisés.
[4] Os dez mandamentos, 1956, 3h39m. Dirigido por Cecil B. DeMille. Elenco: Charlton Heston, Yul Brynner, Ann Baxter, Edward G. Robinson, Ivonne de Carlo e outros.
[5] Pentateuco - Os cinco primeiros livros do Velho Testamento, atribuídos a Moisés: o Gênese, o Êxodo, o Levítico, o Números e o Deuteronômio.
[7] Neste sentido, estranhamos grande parte da preocupação de Freud quanto à posição destes “objetos sagrados” na obra de Michelangelo (“Vemos que as Tábuas estão de cabeça para baixo, o que é uma maneira singular de tratar objetos sacros” - FREUD, S. 1976, p. 269), pois, logo adiante, a “maneira singular” seria esquecida e a posição das Tábuas explicada para efeito de alicerçar seus argumentos da forma mais prosaica e utilitarista.
[8] Gesto revestido de um caráter teatral exemplar.
[9] Como observa Renato Mezan (1986, p. 396-397), Freud, não conseguindo dominar suas próprias paixões (“a mais alta realização mental”), e “entregando-se à cólera, fará todo o possível para excluir de suas hostes os adoradores do Bezerro de Ouro: na impossibilidade de coincidir com seu modelo, reconhece sua inferioridade e a assinala pela recusa em associar ao nome de Moisés o seu”.
[15] De acordo com MEZAN, R. (Op. cit., 396), a presença reiterada de Moisés mostra a identificação com o fundador do judaísmo, incompleta, pois Moisés vence sua paixão em nome da “missão à qual se consagrara”. Mas Freud se sente incapaz de realizar o “feito mais elevado” que consiste em dominar suas próprias paixões. Ao contrário, Freud adoraria eliminar Jung.
[16] ROUSSEAU. Do Contrato Social; Livro primeiro, Cap. I, p. 22; Abril, 1978.
[17] ROUSSEAU. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens; Segunda parte, p. 259; Abril, 1978.
[18] Segundo PELLEGRINO, H. Édipo e Liberdade. Folha de S. Paulo, 1985, “a psicanálise pretende curar o ser humano de suas ilusões. Ela não acredita na bondade fundamental do homem, nem parte do princípio de que o processo civilizatório é uma rampa ascendente de sucessivas vitórias que chegarão, necessariamente, à plenitude do amor por todos”.
[19] “Numa sociedade sem classes, dispensada da violência repressiva necessária à manutenção da injustiça, haverá mínima renúncia pulsional.” (PELLEGRINO, 1987, p. 200).
[20] E embustes, como, por exemplo, a ideologia da “globalização” ou da “desglobalização”, do “terraplanismo” etc.



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