Moralândia. Capítulo 2. Partido único e perseguição a dissidentes. Por Agenor Bevilacqua Sobrinho


Moralândia.
Capítulo 2. Partido único e perseguição a dissidentes.
Por Agenor Bevilacqua Sobrinho




Novilíngua em Moralândia:

Vocábulos permitidos não chegam a 100 palavras.

1. Em Moralândia, o imperador do protetorado detém o poder com um partido único, de características nazifascistas. É proibido discordar das ordens reais. Dissidentes são perseguidos, torturados e mortos.
2. Antigamente, o monarca acusava seus opositores de terem “implantado uma ditadura esquerdista-bolivariana-comunista”, e atribuíra a eles planos de “censurar a imprensa livre”.
3. Agora, não existe contraditório. Somente um canal de comunicação que se ocupa diuturnamente em bajular o governante, o qual é chamado de “mito”.
4. Segundo os mais velhos, tal apelido é uma corruptela, e se refere à abreviatura de “mitômano”.
5. De fato, o predicado mais evidente do Rei Mierdas, chefe de Moralândia, é a compulsão por mentir. Não se mede em semanas ou em dias as ocorrências desse hábito naturalizado no lugar, porém em horas e, até mesmo, minutos, dada a frequência avassaladora de afirmações não condizentes com os mínimos traços de verossimilhança com a realidade.
6. Com decretos e medidas provisórias impactantes, o ditador impôs a novilíngua, cuja principal tarefa é adequar o mundo externo às concepções do mandatário ungido.
7. Destarte, o antigo idioma de mais de 400.000 palavras foi soterrado e, hoje, não chega a uma centena. As restrições e o empobrecimento vocabular são sintomáticos das dificuldades dos habitantes para compreender, por exemplo, o significado da palavra “liberdade”, pois o termo é empregado para designar presídios.
8. Aliás, as ações de empreiteiras que constroem cárceres e de empresas que produzem armas disparam todos os dias na Bolsa de Valores. Igualmente, outro ramo próspero é o de funerárias.
9. Com estardalhaço, advertências são emitidas sobre o que é ou não permitido no reino. E se estimula reiteradamente a delação ao canal único de comunicação a respeito de “criminosos”. Sabe-se que estes assim são considerados por utilizarem vocabulário excedente ao “limite de 100 palavras”.
10. Sabe-se que o grande líder e chefe supremo não domina nem mesmo 80 míseras palavras, sentindo-se insultado por “subversivos” e “delinquentes”, cujo repertório mínimo ultrapassa facilmente dezenas de milhares, ou todos aqueles que tenham habilidade em conversar com pessoas para modificar a realidade sufocante imposta em Moralândia.


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