Mito da caverna. Por Agenor Bevilacqua Sobrinho

Mito da caverna. Por Agenor Bevilacqua Sobrinho


Mídia golpista pariu o fascismo no Brasil.
Mas há pais e mães múltiplos dessa anomalia no país.


Mito da caverna. Por Agenor Bevilacqua Sobrinho

Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um alto muro. Entre o muro e o chão da caverna há uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior, deixando a caverna na obscuridade quase completa. Desde o nascimento, geração após geração, seres humanos são enviados ali pelo PIG.
As pessoas ficam de costas para a entrada, acorrentadas nas grades de vídeos, de jornais e de revistas que contam sempre a mesma ladainha. São adestradas a visitar templos sagrados de consumo impostos pelo PIG, não movendo a cabeça para lugar distinto do ordenado pelas oligarquias piguianas. Não tendo consciência de si e dos demais, asseveram existir apenas a ficção elaborada por grandes corporações que os mantêm presos a uma mentalidade mesquinha e predatória, caracterizada por o homem ser o lobo do homem e o trabalho ser objeto de intensa exploração e destituído de sentido para os produtores que, alienados, não se reconhecem enquanto autores do que elaboraram. Portanto a riqueza é apropriada pelos proprietários dos meios de produção, os quais encomendam lenitivos e outros narcóticos para manter os encarcerados entorpecidos por um entretenimento imbecilizante.
Do lado de fora, há diversas frentes procurando romper o cerco midiático a que estão sujeitos os sequestrados da realidade pelo PIG. Este utiliza servomecanismos múltiplos para conservar a catatonia dos habitantes da caverna.
Os prisioneiros julgam que o discurso piguiano e seus simulacros são a própria realidade, de maneira que os adversários do sistema da caverna são denominados de terroristas, esquerdistas, comunistas, blogueiros sujos etc.
Os alienados imaginam que as vozes dos vídeos, das revistas e dos jornais são suas próprias falas, de tal forma que atribuem a si mesmos as ideias diuturnamente impostas pelos canais de distorção da realidade monopolizados pelo PIG.
Em função do hábito, tomam a ficção piguiana por realidade. Essa confusão, porém, não é causada pela natureza dos prisioneiros e sim pelas condições adversas em que se encontram.
A batalha dos inimigos da mídia totalitária é resgatar os que ainda não têm condições de se desvencilhar das amarras e condicionamentos mentais de aprisionados.
Antigos cativos fazem parte das brigadas antiPIG. Eles estavam inconformados com a condição miserável em que se achavam e decidiram abandoná-la. Fabricaram instrumentos para quebrar seus grilhões. Inicialmente, tiveram inúmeras dificuldades, mas enfrentaram os obstáculos de um caminho íngreme e difícil, e saíram da caverna.
Comparando o que viam/ouviam/liam nas sessões piguianas de lavagem cerebral e a extrema diferença descoberta no exterior daquele mundinho medíocre, sentiram-se divididos entre a incredulidade e o deslumbramento. Agora, precisariam decidir onde se localiza a realidade: no que observam atualmente ou nas sombras piguianas em que sempre viveram. Deslumbramento (ferido pela luz) porque seus olhos não conseguem ver com nitidez as coisas sob outro prisma. Confusos, o primeiro impulso deles é retornar à caverna, atraídos pela alienação, que lhes parece mais acolhedora. Aprendem a ver e esse aprendizado é doloroso, pois se dão conta da necessidade de deixar de lado ideias e costumes familiares e conhecidos.
Entretanto, em virtude dos percalços e riscos que assumiram, os ex-prisioneiros permanecem no exterior e começam a investigar o mundo a partir de outras perspectivas. Aos poucos, habituam-se ao antes desconhecido e passam a ser felizes por ver as coisas como realmente são, ou seja, completamente distintas dos enredos piguianos.
Estimulados, não querem jamais voltar à condição anterior e lutarão com todas as suas forças para nunca regressarem a ela.
Todavia não podem evitar lastimar a condição dos que continuam cativos e, por fim, tomam a difícil decisão de regressar ao subterrâneo sombrio para contar aos restantes o que viram e convencê-los a se libertarem também.
Que acontece nesse retorno? Os prisioneiros zombam deles, não acreditando em suas palavras e, se não conseguem silenciá-los com suas caçoadas, tentam fazê-lo internando-os nas antigas poltronas nas quais serão obrigados a voltar a assistir a programação piguiana exaustivamente para deixarem de ser chamados de terroristas, sujos e subversivos.
Apesar do uso saturado da censura e controle, os brigadistas, infensos ao palavrório de maré baixa, continuam a emitir suas visões que destoam do estabelecido pelos agentes piguianos. Alguns ouvem, e contra a vontade dos demais, também decidem sair da caverna rumo à realidade. Conhecem outras pessoas, visitam blogs sujos, leem filósofos, sociólogos etc. e passam a engrossar as fileiras da contestação às redes piguianas.
Atualmente, os mecanismos de domínio piguianos se encontram sob ataques constantes, erodindo as fortificações antes tidas como inexpugnáveis.




The Cave: An Adaptation of Plato's Allegory in Clay.

A caverna: uma adaptação em argila da alegoria de Platão.


Animação com argila representa a Alegoria da Caverna de Platão, contida em A República, no Livro VII.
A animação “Plato’s Allegory of the Cave” (A Alegoria da Caverna, de Platão) tem a direção de Michael Ramsey, bonecos de argila criados pelo artista Jon Grigsby e mais de 4.000 fotos iluminadas por luz de vela.


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Conheça também:


Se a cadela do fascismo está sempre no cio,
a luta antifascista deve ser constante.





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