Moralândia. Capítulo 4. A classe
dominante.
Por Agenor Bevilacqua Sobrinho
Publicado anteriormente em: https://agenorbevilacquasobrinho.blogspot.com/2018/11/moralandia-capitulo-4-classe-dominante.html
A classe
dominante de Moralândia é tão tacanha quanto seus apoiadores.
1. Em
Moralândia, a classe dominante é inculta, troglodita, tosca e regressiva.
2. Ela
não faz questão de disfarçar sua conduta
rude e grosseira. A despeito dos constrangimentos internos e externos, nem
mesmo um verniz civilizatório, que poderia amenizar inúmeras bizarrices, é
utilizado.
3. Seu
principal objetivo é espoliar o patrimônio público, construído por gerações
anteriores, privatizando-o selvagemente.
4. A
técnica empregada é clássica: os serviços públicos, em função de cortes
orçamentários draconianos, deixam de receber investimentos, redundando na
deterioração e rebaixamento da qualidade ofertada.
5. Para
que os moralandenses acreditem que tais serviços não funcionam por serem
inviáveis, as campanhas de marketing martelam constantemente sobre a
existência de supostos problemas insanáveis e, em paralelo, realizam a apologia
das mil e uma virtudes dos gestores privados (parentes e amigos da casta
dirigente. Esta se apossa de seu quinhão na pilhagem colonial, a serviço do
Grande Irmão do Norte).
6.
Decretos se multiplicam para despojar a população de quaisquer direitos e de
meios para manifestar-se contra as múltiplas ações de esbulho efetivadas sem
tréguas.
7. A meta
dos gestores do sistema de “justiça” de Moralândia é converter governados em
obede-servos, impondo ditames discricionários sem possibilidade de reação.
8. Nesse
sentido, um
complexo sistema repressivo e de censura é implantado. Com a extinção dos
direitos humanos, tidos como degradantes pela elite nazifascista, os
dissidentes são perseguidos, exilados, torturados e mortos. A maquinaria
opressiva justifica suas crueldades com o slogan “Moralândia acima de tudo.
Deus acima de todos.”
9. Para
dar suporte publicitário a ditados do mesmo modo enganadores, bandeiras
reacionárias e engodos semelhantes são brandidos ardorosamente de forma
indiferenciada por pastores e generais, sendo reproduzidos fanaticamente por
toda sorte de abestados.
10. Em
geral subserviente ao imperialismo, a elite cumpre seu papel subalterno sem
pudores e sem limites. Os endinheirados locais, por interesses e cumplicidades,
participam ativamente, de forma orquestrada e subsidiária, do saque desenfreado
dos recursos de Moralândia.
11. Com a
servidão dócil de classes médias igualmente iletradas, sempre dispostas a
bajular os ricos na pretensão de não despencar na hierarquia social, e de
pobres alienados e destituídos de qualquer consciência de classe, entregues a
crendices e devaneios fabricados pela Igreja
Universal do Espírito Porco, os mandatários do lugar não encontram
dificuldades em extorquir não só os ossos como até a alma desses pobres diabos
sedentos da diariamente prometida, mas nunca efetivada, ascensão social.
12. Sem
que tenham obrigações de prestar serviços e esclarecimentos, generais e outros
oficiais de alta patente recebem cargos, prebendas e outros mimos do Rei
Mierdas. Pastores têm sistema próprio de arrecadação e enriquecimento
instantâneo, sem a necessidade dos mortais comuns de pagar impostos, taxas e
contribuições.
13. A
quantidade de militares e pastores graduados recebendo sinecuras aumenta
cotidianamente, a despeito de as necessidades concretas dos moralandenses
deixarem de ser atendidas ou adiadas para o dia de São Nunca.
14. As
Forças Armadas são empregadas, de forma terceirizada, pelo Grande Irmão do
Norte em guerras coloniais de interesses deste.
15.
Servem como bucha de canhão, nessas missões encomendadas, exclusivamente
negros, indígenas e pobres em geral. Em último caso, integrantes dos estratos
médios, cuja tendência ao desaparecimento é evidente e se consumará em breve
período. Segundo admitem entre seus pares os dirigentes de Moralândia, “como
não há desejo e empenho em reduzir a pobreza, que pelo menos as guerras sirvam
para o comércio de armas e seus respectivos lucros fabulosos e, o que não é
menos importante, reduzir significativamente a quantidade de pobres infestando
o reino”.
16. Os
países vizinhos são atacados pelas Forças Armadas de Moralândia, por
determinação do Grande Irmão do Norte, em razão daqueles terem petróleo e
outras riquezas cobiçadas pelo chefe de fato. Caso plantassem apenas cebolas ou
tomates, com certeza não seriam importunados e, muito menos, agredidos.
17. As fake
news são a Bíblia do mitômano Rei Mierdas.
18. Entretanto,
apesar das afirmações peremptórias das classes dirigentes de Moralândia de que
não haveria traço remoto de descontentes, os dissidentes continuam a se agrupar
e organizam rebeliões contra o governo antinacional, antipopular e
antidemocrático do Rei Mierdas.
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