Moralândia. Capítulo 4. A classe dominante. Por Agenor Bevilacqua Sobrinho


Moralândia. Capítulo 4. A classe dominante.
Por Agenor Bevilacqua Sobrinho





A classe dominante de Moralândia é tão tacanha quanto seus apoiadores.

1. Em Moralândia, a classe dominante é inculta, troglodita, tosca e regressiva.
2. Ela não faz questão de disfarçar sua conduta rude e grosseira. A despeito dos constrangimentos internos e externos, nem mesmo um verniz civilizatório, que poderia amenizar inúmeras bizarrices, é utilizado.
3. Seu principal objetivo é espoliar o patrimônio público, construído por gerações anteriores, privatizando-o selvagemente.
4. A técnica empregada é clássica: os serviços públicos, em função de cortes orçamentários draconianos, deixam de receber investimentos, redundando na deterioração e rebaixamento da qualidade ofertada.
5. Para que os moralandenses acreditem que tais serviços não funcionam por serem inviáveis, as campanhas de marketing martelam constantemente sobre a existência de supostos problemas insanáveis e, em paralelo, realizam a apologia das mil e uma virtudes dos gestores privados (parentes e amigos da casta dirigente. Esta se apossa de seu quinhão na pilhagem colonial, a serviço do Grande Irmão do Norte).
6. Decretos se multiplicam para despojar a população de quaisquer direitos e de meios para manifestar-se contra as múltiplas ações de esbulho efetivadas sem tréguas.
7. A meta dos gestores do sistema de “justiça” de Moralândia é converter governados em obede-servos, impondo ditames discricionários sem possibilidade de reação.
8. Nesse sentido, um complexo sistema repressivo e de censura é implantado. Com a extinção dos direitos humanos, tidos como degradantes pela elite nazifascista, os dissidentes são perseguidos, exilados, torturados e mortos. A maquinaria opressiva justifica suas crueldades com o slogan “Moralândia acima de tudo. Deus acima de todos.”
9. Para dar suporte publicitário a ditados do mesmo modo enganadores, bandeiras reacionárias e engodos semelhantes são brandidos ardorosamente de forma indiferenciada por pastores e generais, sendo reproduzidos fanaticamente por toda sorte de abestados.
10. Em geral subserviente ao imperialismo, a elite cumpre seu papel subalterno sem pudores e sem limites. Os endinheirados locais, por interesses e cumplicidades, participam ativamente, de forma orquestrada e subsidiária, do saque desenfreado dos recursos de Moralândia.
11. Com a servidão dócil de classes médias igualmente iletradas, sempre dispostas a bajular os ricos na pretensão de não despencar na hierarquia social, e de pobres alienados e destituídos de qualquer consciência de classe, entregues a crendices e devaneios fabricados pela Igreja Universal do Espírito Porco, os mandatários do lugar não encontram dificuldades em extorquir não só os ossos como até a alma desses pobres diabos sedentos da diariamente prometida, mas nunca efetivada, ascensão social.
12. Sem que tenham obrigações de prestar serviços e esclarecimentos, generais e outros oficiais de alta patente recebem cargos, prebendas e outros mimos do Rei Mierdas. Pastores têm sistema próprio de arrecadação e enriquecimento instantâneo, sem a necessidade dos mortais comuns de pagar impostos, taxas e contribuições.
13. A quantidade de militares e pastores graduados recebendo sinecuras aumenta cotidianamente, a despeito de as necessidades concretas dos moralandenses deixarem de ser atendidas ou adiadas para o dia de São Nunca.
14. As Forças Armadas são empregadas, de forma terceirizada, pelo Grande Irmão do Norte em guerras coloniais de interesses deste.
15. Servem como bucha de canhão, nessas missões encomendadas, exclusivamente negros, indígenas e pobres em geral. Em último caso, integrantes dos estratos médios, cuja tendência ao desaparecimento é evidente e se consumará em breve período. Segundo admitem entre seus pares os dirigentes de Moralândia, “como não há desejo e empenho em reduzir a pobreza, que pelo menos as guerras sirvam para o comércio de armas e seus respectivos lucros fabulosos e, o que não é menos importante, reduzir significativamente a quantidade de pobres infestando o reino”. 
16. Os países vizinhos são atacados pelas Forças Armadas de Moralândia, por determinação do Grande Irmão do Norte, em razão daqueles terem petróleo e outras riquezas cobiçadas pelo chefe de fato. Caso plantassem apenas cebolas ou tomates, com certeza não seriam importunados e, muito menos, agredidos.
17. As fake news são a Bíblia do mitômano Rei Mierdas.
18. Entretanto, apesar das afirmações peremptórias das classes dirigentes de Moralândia de que não haveria traço remoto de descontentes, os dissidentes continuam a se agrupar e organizam rebeliões contra o governo antinacional, antipopular e antidemocrático do Rei Mierdas.


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Se a cadela do fascismo está sempre no cio,
a luta antifascista deve ser constante.



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