Moralândia. Capítulo 3. Monarquia teocrática e nazifascista. Por Agenor Bevilacqua Sobrinho


Moralândia. Capítulo 3. Monarquia teocrática e nazifascista.
Por Agenor Bevilacqua Sobrinho



Em Moralândia não tem concorrência: só é permitida a existência da
Igreja Universal do Espírito Porco.

1. Como sabemos, em Moralândia temos um partido único e também apenas uma Igreja, a Igreja Universal do Espírito Porco.
2. Associados, o PUM – Partido Único de Moralândia e a IUEP - Igreja Universal do Espírito Porco fagocitam a sociedade.
3. Como em monarquias não há cidadãos, somente súditos, a fusão de interesses entre o PUM e a IUEP torna ambas instituições indistinguíveis.
4. Segundo alegações da realeza, o “anterior dízimo se revelou insuficiente” para cobrir as despesas da nobreza de Moralândia, tendo sido substituído pelo “quíntuplo do antigo”, ou seja, são 50% de taxas celestiais para os “representantes de Deus”, confirmando a tradição de que a existência de intermediários inflaciona sempre os custos materiais, e sobretudo, os espirituais.
5. Após as “reformas darwinistas trabalhista e social”, encontrar trabalho tornou-se tarefa inglória no reino, mas, em compensação, a liberação de armas deu acesso a ferramentas que proporcionam renda, por meio de assaltos, a muitos até então considerados “cidadãos de bem”.
6. Já que as penitências aos que não pagam o “quíntuplo” são por demais severas, humilhantes e inaceitáveis, os mais assíduos aos cultos resolveram “partir para as vias de fato”, demonstrando a incorporação de valores como “a livre iniciativa, o empreendedorismo e a meritocracia”.
7. De maneira cada vez mais frequente, o vizinho do banco da igreja é vítima tanto dos fiéis ao lado quanto, em grau muito maior, dos que ordenam a coleta do “quíntuplo”, cujos recentes estudos já cogitam e apontam para a “necessária atualização para algo como um sêxtuplo ou sétuplo”.
8. A justificativa permanente é afirmar que “os recursos são para obras sociais”. Entretanto, as únicas obras visíveis são a expansão de resplandecentes propriedades e bens dos dirigentes da IUEP e do PUM, cuja presença simultânea em altos postos hierárquicos de ambas tornam intercambiáveis, e até mesmo ubíquas, tais figuras.
9. Assim, a prometida prosperidade social é sempre adiada, exigindo-se paciência infinita e fé inquebrantável “até o dia do Juízo Final”. Enquanto nenhuma melhoria concreta acontece, ouve-se exaustivamente o patético apelo: “Ora que melhora”. Paralelamente, o enriquecimento instantâneo e cada vez mais exuberante dos chefes das duas organizações chaves de Moralândia, ao lado da hiperconcentração de poderes sem precedentes, são alardeados como “o reconhecimento divino traduzido em bens materiais” aos excelsos dirigentes. Relembrando, desse modo, um calvinismo de whatsapp.
10. Portanto, a proibição de outros entorpecentes ainda mantém o controle e a obediência sobre moralandenses.
11. Não se sabe até quando tais overdoses ainda farão efeito, pois a realidade teima em contraditar as fantasias elucubradas pelo Rei Mierdas e sua entourage no sentido de deter a eventual fúria do crescente número de expropriados e despossuídos que se agregam dia a dia aos tradicionais miseráveis (todos estes sujeitos à grande e anual “eliminação purificadora” promovida e ordenada pelos mitos de Moralândia).


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Se a cadela do fascismo está sempre no cio,
a luta antifascista deve ser constante.




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